A BANDA
De tempos em tempos, aparece um filme que comprova, mais uma vez, a força e o valor da simplicidade. Quanto mais o cinema se perde em efeitos pirotécnicos, montagens estroboscópicas, tomadas de câmera mirabolantes e trilhas sonoras intermitentes, mais a sobriedade narrativa encontra seu espaço e conquista fãs em todo o mundo cinematográfico.
A mais recente prova disso é a co-produção Israel/ França/ EUA A Banda. Até o momento, o filme já ganhou mais de 20 prêmios em festivais tão diferentes como Cannes, Copenhaguen, Porto, Montreal, Munique, Sarajevo e Tóquio, entre outros. E tudo isso por saber contar uma história tão simples quanto envolvente e significativa.
A trama começa quando uma pequena banda da polícia egípcia desembarca em Israel e não há ninguém no aeroporto para buscá-los. Imediatamente, se instala um clima de estranheza. Os homens vestidos de azul contrastam com o pálido tom de areia do lugar. A direção de arte é rude, árida e gráfica. Este pequeno grupo, forte representante da cultura árabe, se vê perdido de uma hora para outra em pleno Israel, sem ter a quem recorrer. Num ato de autonomia, tentam andar pelas próprias pernas e procurar, de qualquer maneira, o local onde deveriam se apresentar. Acabam chegando num vilarejo desértico, à beira do nada, onde procuram pelo tal Centro de Cultura Árabe onde estaria marcada a apresentação da banda. Uma das moradoras é enfática: "Aqui não tem cultura árabe. Nem cultura judaica. Nem cultura nenhuma..."
A partir daí, os integrantes do perdido grupo musical se vêem numa espécie de limbo social, um lugar onde parece que o mundo parou, onde o choque cultural é o maior catalisador para que se comprove novamente que, seja no Egito, em Israel ou no lugar mais desolado do mundo, os seres humanos no fundo são todos iguais. E só desejam a simplicidade do complicado ato de ser feliz.
Um trabalho notável do roteirista e diretor praticamente estreante Eran Kolirin, nome muito mais associado à televisão de Israel que propriamente ao cinema.