A ESPINHA DO DIABO
De alguns anos para cá, criou-se no público freqüentador de cinema uma forte associação entre filmes de terror e adolescentes. Depois de sucessos de franquias como Pânico ou Eu Sei o Que Vocês Fizeram..., praticamente os filmes de horror ficaram circunscritos ao universo estudantil. A Espinha do Diabo vem para resgatar o terror adulto, sério, de soluções cinematográficas implícitas, sem a sanguinolência gratuita das últimas décadas.
Co-produzido por México e Espanha, o filme é ambientado durante a Guerra Civil Espanhola (o que já é, por si só, um horror), momento em que Carlos (Fernando Tielve), um garoto de 12 anos, é abandonado pelo seu tutor e enviado para um orfanato longe de tudo, isolado da civilização. É ali que o assustado menino vai se defrontar com os mais diferentes tipos de medos e pressões. E encarar desde a solidão do abandono até a assustadora presença de um suposto fantasma que teria assassinado um dos internos do orfanato. Como pano de fundo, a aridez do deserto e o medo da Guerra ajudam a fazer de A Espinha do Diabo um filme de forte tensão. Longe das fórmulas fáceis dos similares norte-americanos e mais sintonizado com o terror psicológico dos anos 60.
Desta vez, o diretor Guillermo Del Toro realiza um trabalho bem mais maduro que o seu anterior – e fraco – Mutação. Quem assina a produção, com muita competência, é Pedro Almodóvar.
10 de outubro de 2001
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Celso Sabadin é jornalista e crítico de cinema da Rádio CBN. Às sextas-feiras, é colunista do Cineclick. celsosabadin@cineclick.com.br