A FACE DO MAL
Terror talvez seja o gênero que menos se reinventou nos últimos anos. Neste marasmo de mais do mesmo, pontuado aqui e ali com alguma novidade, há quem consiga vez ou outra reciclar bem os clichês, como é o caso do diretor malaio James Wan (de Jogos Mortais e Invocação do Mal). Já o estreante Mac Carter nem isso alcançou em A Face do Mal.
Sem a mínima ambição de trazer algo novo, o filme apela para uma mistureba mal azeitada de lugares-comuns que buscam assustar o espectador fazendo uso das manjadas armadilhas do gênero, aqueles que ninguém mais cai (ao menos ninguém com mais de 18 anos): portas rangendo, luzes piscando, música alta nos momentos cruciais, aparições relâmpago de fantasmas e por aí vai.
Carter não quis correr riscos e não ousou transcender um milímetro sequer o beabá. Mas mesmo seguir a cartilha exige certa habilidade, o que ele demonstra não ter.
Por outro lado, é bem verdade, A Face do Mal não busca um público mais experiente – e por conseguinte exigente. O alvo da produção é claramente o espectador adolescente, que por ter menos bagagem cinematográfica, talvez consiga se divertir. Pelo menos, esse é o pensamento dos produtores.
A trama é pra lá de batida: família que se muda para um casarão começa a ter problemas com assombrações. E segue a sensação de eu-já-vi-isso-antes de ponta a ponta.
Os protagonistas são dois adolescentes: o filho mais velho dos novos proprietários da casa e uma garota da vizinhança que tem problemas familiares. Juntos, o casal passa a investigar o passado sombrio que envolve a morte trágica dos antigos moradores.
É desnecessário dizer o que vem adiante. Tudo é muito familiar e muito óbvio.
Não há nada de errado em se fazer um filme de terror que não almeje um público maior e se concentre no espectador adolescente. O problema é que boa parte deles parecem ter sido escritos para aquele colega mais imbecil da sala. Não se investe em roteiros mais elaborados e, quando a direção tampouco ajuda, o resultado são produções tacanhas como A Face do Mal.