A FAMÍLIA BÉLIER
É perceptível que as dramédias vem ganhando espaço na produção cinematográfica francesa nos últimos anos. Depois dos sucessos de público e crítica Eu, Mamãe E Os Meninos e Intocáveis, um novo fenômeno chega aos cinemas brasileiros: A Família Bélier, um sensível trabalho do diretor Eric Lartigau que está conquistando as plateias por lá - e deve inclusive ganhar um remake em Hollywood no próximo ano.
O roteiro segue Paula (Louane Emera, indicada ao Cesar pelo papel), uma adolescente que é a única que ouve em uma família de surdos. Ela é a intérprete responsável pela comunicação do pai Rodolphe (François Damiens), de sua mãe Gigi (Karine Viard) e de seu irmão Quentin (Luca Gelberg, o único membro do elenco realmente surdo) com o meio externo.
Paula conhece a música em seu colégio e parece ter um talento a ser desenvolvido. Sua primeira ambição nas aulas é se aproximar de Gabriel (Ilan Bergala), mas seu professor (Eric Elmosnino) parece ter objetivos bem maiores: sob seu treinamento ele incentiva a menina a tentar vaga em uma concorrida escola de canto em Paris.
Louane Emera veio do reality show The Voice e constrói seu personagem com a sensibilidade de uma veterana. Autêntica e carismática, sua personagem vai da comédia ao drama sem grandes atropelos, mostrando um intenso trabalho de caracterização. Quando canta - e há muita música em A Família Bélier -, seu domínio cênico fica ainda mais evidente. O trabalho de atuação ganha fôlego com a fotografia dessaturada de Romain Winding (Adeus, Minha Rainha), que parece deslocar os personagens de sua época - extremamente útil para uma história construída para ser atemporal.