A PAIXÃO DE JACOBINA
Principalmente para as pessoas que torcem vibrantemente pelo sucesso do cinema brasileiro (eu me incluo), é triste ver oito milhões e meio de reais jogados fora no filme A Paixão de Jacobina, que estréia neste final de semana em São Paulo e Paraná.
O filme é um novelão. O diretor Fábio Barreto (que já havia errado feio em Belladona) novamente escorrega ao narrar a história real de Jacobina (Letícia Spiller, letárgica), uma mulher mística que se transformou numa espécie de Antonio Conselheiro de saias, no interior do Rio Grande do Sul. Infelizmente para todos, tudo deu errado. As interpretações são histriônicas, o tom é fake, tudo parece falsamente encenado e é praticamente impossível a empatia com qualquer um dos personagens.
A história é boa, mereceria ter sido bem contada, aliás como muitas histórias que permeiam a cultura brasileira que jamais se transformaram em película, mas faltou habilidade à direção. Na ansiedade de contar com atores globais famosos, certamente para aumentar a renda do filme, o casting acabou optando não necessariamente pelos melhores talentos, mas sim pelos que dariam maior visibilidade ao filme.
Todos estes erros lamentáveis, porém, não superam o mais tosco deles: um merchandising das sandálias Azaléa, totalmente descabido num filme de época, que leva a platéia ao riso e interrompe a narrativa da história sem o menor pretexto. Que pena!
26 de setembro de 2002
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Celso Sabadin é jornalista e crítico de cinema da Rádio CBN. Às sextas-feiras, é colunista do Cineclick. celsosabadin@cineclick.com.br