A ÚLTIMA HORA
Há muito tempo eu não via um documentário tão careta, quadradinho e aborrecido. Justamente num momento em que o gênero, no mundo inteiro, ganha contornos cinematográficos cada vez mais atrativos e inteligentes, o ator Leonardo DiCaprio produz e narra o enfadonho A Última Hora, na esteira do sucesso internacional de Uma Verdade Inconveniente.
Novamente, o tema é o aquecimento global e o filme se divide basicamente em três partes. Na primeira, vários especialistas no assunto, amparados por imagens que já conhecemos dos telejornais, chamam a atenção para a extrema gravidade do momento que vive o nosso planeta. Na segunda, é feita uma tentativa rápida de se encontrar os culpados da situação, basicamente governantes inaptos e megacorporações que não estão dispostas a mudar este cenário lucrativo para elas. E, na terceira, apontam-se algumas soluções - em projeto - que poderiam sinalizar um início de novos tempos, se implantadas rapidamente.
O tema do filme realmente é dos mais importantes. A maneira convencional, didática e sonolenta como ele é construído põe tudo a perder. Nas cenas em que aparece, o narrador DiCaprio não passa nenhuma credibilidade, ficando bastante claro que seu texto é decorado e frio. Os novos projetos ecologicamente corretos de sustentabilidade (ainda no papel), que poderiam render um bom conteúdo para o filme, são expostos numa velocidade quase impossível de ser acompanhada. Parece uma daquelas antigas aulas chatas de Ciências no colégio.
Só se salva a lembrança de uma divertida frase atribuída ao antigo Primeiro Ministro inglês Winston Churchill: "Os americanos sempre fazem a coisa correta... Depois de esgotarem todas as outras possibilidades."