UMA LONGA QUEDA
Era para ser rapidinho, alguns segundos e baque! Fim. Mas, como denuncia o título deste filme, a queda acaba longa. E isso porque o grupo de suicidas que protagoniza o filme decide adiá-la depois que se encontram coincidentemente no topo de um arranha-céu às vésperas do Ano Novo.
Este é o argumento desta comédia de humor negro inspirada em livro de Nick Hornby. Apesar de todos estarem decididos a morrer, por motivos diversos, um frustra a tentativa do outro e a confusão termina num pacto para se manterem vivos até o Dia dos Namorados.
Eles são o apresentador de TV em desgraça (Pierce Brosnan), a mãe solteira lutando para cuidar do filho deficiente (Toni Collette), o músico fracassado (Aaron Paul) e filha de um político problemática (Imogen Poots). Depois do encontro inusitado, formam uma espécie de time à beira da morte. O problema é acreditar no desespero deles, que sempre parece insuficiente para atitude tão drástica.
O elenco é talentoso, a premissa interessante, mas Uma Longa Queda tem dificuldade em achar o equilíbrio entre o drama e a comédia nonsense. O roteirista Jack Thorne nitidamente teve dificuldade em condensar em 90 minutos de filme a história desses quatro personagens a ponto de envolver o espectador em suas tragédias pessoais.
O que atrai mesmo e segura o espectador é o carisma dos atores em cena. A fragilidade da história fica óbvia quando em dado momento notamos que o suicídio deixa de ser uma hipótese real. O humor, por seu lado, é instável. Arranca um riso aqui e ali, mas carece de situações realmente divertidas.
Mesmo com suas deficiências, a comédia cativa por ser uma dramatização tocante sobre a amizade improvável e a importância do amparo em horas difíceis. Uma Longa Queda ao menos não se deixa ser, em nenhum momento, um alongado filme.