ANDARILHO
O cineasta mineiro Cao Guimarães é representante de um gênero documental que se aproxima muito do vídeo-arte. Não à toa, exibe seus trabalhos em diferentes museus e galerias desde o fim dos anos 80. Andarilho, seu quinto longa-metragem, chega ao circuito comercial após rodar o mundo em importantes eventos, como o Festival de Veneza, Festival internacional de Cinema de Rotterdam, Festival Internacional de Miami e o DOX - Copenhagen Int Documentary Film Festival. Além disso, trata-se do segundo longa da trilogia da solidão, iniciada com A Alma do Osso (2004).
Como nome já sugere, Andarilho acompanha três homens - Valdemar, Nercino e Paulão -, que vagam pelas estradas de Minas Gerais. Vagam e pensam. Sobre religião e a própria existência em si. O documentário não é focado na investigação do que eles pensam ou mesmo do que são, mas sim no ato de vagar. Por meio de imagens muito bem construídas, o documentário aposta na contemplação dos ambientes nos quais circulam os homens que conduzem o espectador por meio de suas andanças.
A verdade é que Andarilho é um documentário que foge dos padrões. Ao lançar mão da contemplação, é capaz de atrair um público mais restrito. O que não tira seus méritos, pelo contrário, graças à direção impecável de Guimarães, que cumpre a proposta de contemplar seus andarilhos.