AS LUZES DE UM VERÃO
Consagrado mundialmente pelo belo romance O Cheiro de Papaia Verde, de 1993, o cineasta vietnamita Tran Anh Hung volta agora em mais um belo e sensível filme: As Luzes de um Verão.
Com muita poesia e simplicidade, a história se centraliza em três irmãs que se reúnem para celebrar o aniversário de morte da mãe delas. Aos poucos, o espectador vai sendo apresentado ao universo muito particular de cada uma das protagonistas. Cada qual tem o seu segredo, os seus sonhos, as suas frustrações.
Na condição de mulheres, elas aprenderam – ou estão aprendendo – a esconder os seus sentimentos, numa sociedade dominada pela vontade masculina.
Na tela, todos os movimentos são lentos e delicados. A música é suave. A narrativa é quase zen. Em contraste, as cores são fortemente tropicais e vibrantes. Tudo passa lentamente diante dos olhos da platéia, num ritmo que parece acompanhar a preguiça dos quentes dias do verão de Hanói, capital do Vietnã. Vez por outra, uma tempestade tropical pode refrescar os ânimos ou reavivar sentimentos escondidos. Dentro de cada personagem, o contraste também se estabelece: por dentro, paixões inconfessáveis. Por fora, a milenar arte oriental de manter as aparências.
Co-produzido por França, Alemanha e Vietnã, As Luzes de um Verão é um filme para ser saboreado aos poucos, sem pressa. Num contemplativo ritmo oriental que contrasta fortemente com os tempos de ansiedade ocidental que estamos vivendo. O filme foi selecionado para a Mostra Competitiva do Festival de Cannes do ano passado.
16 de julho de 2001
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Celso Sabadin é jornalista e crítico de cinema da Rede Bandeirantes de Televisão, Canal 21, Band News e Rádio CBN. Às sextas-feiras, é colunista do Cineclick. celsosabadin@cineclick.com.br