ASSALTO AO BANCO CENTRAL
O cinema brasileiro tenta fazer nova incursão no gênero filmes de ação. Depois de Segurança Nacional e 400 Contra 1 – Uma História do Crime Organizado, Assalto ao Banco Central tenta provar que também podemos fazer subprodutos de Hollwyood com qualidade. Não consegue.
Marcando a estreia do experiente ator Marcos Paulo na direção de um longa-metragem para cinema, o filme tem as mesmas fraquezas que muitos blockbusters norte-americanos recentes: perfeição técnica, debilidade dramática. Um time técnico qualificado tenta dar ares de superprodução e não consegue disfarçar a falta de ritmo, o desenvolvimento pobre dos personagens e os exageros do filme.
Assalto ao Banco Central usa como referência o cinema de Tony Scott (Incontrolável), conhecido pelo clima absurdo de adrenalina, poucos recursos de efeitos especiais, habilidade em grudar o espectador na cadeira e só largá-lo no fim da sessão. Baseada em fatos reais, a trama retoma o maior assalto da história do Brasil, ocorrido em 2005 quando bandidos levaram R$ 164 milhões do Banco Central de Fortaleza. O filme esboça mostrar quem são os assaltantes.
Para dar agilidade, o longa tenta consertar tudo na montagem alternada entre o bando de assaltantes e os policiais da investigação. Desgaste puro que corroi qualquer identificação com os personagens. Os diálogos pomposos e cheios de efeito não ajudam nem as interpretações do delegado Chico (Lima Duarte) nem do chefão Barão (Milhem Cortaz). Quem sofre mesmo é Hermila Guedes, grande atriz que protagoniza momentos constrangedores.
Também não ajuda a trilha sonora, que força o espectador a sentir momentos chaves. Como se a própria câmera, os diálogos, as interpretações e o desenvolvimento do enredo não fossem suficientes, a música é pleonástica: ora escrita com exagera, ora mal utilizada pela direção.
Assalto ao Banco Central mostra que o cinema brasileiro ainda não dominou a feitura de subprodutos de ação e nem sequer chega perto de ser considerado um entretenimento de qualidade.