AVANTI POPOLO
A primeira projeção pública desta longa, dirigido e roteirizado por Michael Wahrmann, ocorreu em setembro do ano passado durante o Festival de Brasília. Antes de exibição, a produtora Sara Silveira fez uma apresentação emocionada do filme em que o cineasta Carlos Reichenbach trabalhou como ator pouco antes de sua morte em junho de 2012.
Sara relembrou a forte ligação do diretor com o festival, que o sagrou grande vencedor em 1993 com Alma Corsária (Candangos de melhor filme, diretor e roteiro). Dez anos mais tarde Reichenbach receberia o prêmio especial do júri por Garotas do ABC. Em 2010 veio a homenagem pela carreira na 43ª edição do evento.
A despeito da nostalgia de ver as últimas imagens do saudoso Carlão, Avanti Popolo se esforça bastante para suprimir o prazer do reencontro. Chato, artificioso e irregular o longa traz Reichenbach no papel de um homem apático e amargurado com o desaparecimento do filho que foi para Rússia estudar e nunca mais voltou.
O senhor Gatti mora numa casa decrépita e sua única companhia é a cadela Baleia. Um dia recebe a visita de seu outro filho, que, por meio de imagens captadas em Super-8 pelo irmão desaparecido, tenta reavivar a memória do pai e tirá-lo da impassibilidade imposta pelos anos de espera em vão.
O longa é tão modorrento e sem rumo como seus apáticos protagonistas. A predominância de planos fixos e abertos não permitem a interação do público com os personagens e seus sentimentos. Tudo é visto à distância e é desta maneira, longe do filme, que permanece o espectador ao longo de toda projeção.
A montagem, que intercala as imagens em Super-8 com o momento presente, tampouco ajuda a dar dinâmica e coesão à trama, que parece mais uma colcha de retalhos de referências jogadas a esmo para fazer a alegria fugaz de cinéfilos que conseguem apreendê-las.
Reichenbach costumava dizer que a qualidade de um filme estava intrinsecamente ligada às suas pretensões - e se estas eram alcançadas. No caso de Avanti Popolo o problema é o excesso destas.