CINZAS DA GUERRA
No transcorrer do premiado filme O Pianista, uma das várias facetas do holocausto é abordada de maneira contundente: o colaboracionismo de alguns judeus que se dispunham a trabalhar do lado dos nazistas, traindo seu próprio povo, em busca de algum “lugar ao sol” dentro do regime dos ditadores. Em Cinzas de Guerra – filme que já estreou no Rio de Janeiro e que agora entra em cartaz em São Paulo, exclusivamente no cine Belas Artes – este delicado assunto é tratado de maneira mais aprofundada.
A partir do livro de Miklos Nyiszli, o diretor e roteirista Tim Blake Nelson narra a história real do chamado 12º Comando Especial de Zuschwitz, um esquadrão de prisioneiros judeus jogados pelo nazismo num dilema moral e torturante: ajudar a exterminar seus próprios iguais, em troca de mais alguns meses de vida. Trata-se de um drama pesado e bastante denso que reúne um elenco digno de nota, incluindo Steve Buscemi, Mira Sorvino (desprovida totalmente de seu costumeiro glamour, e Harvey Keitel como um oficial nazista.
Infelizmente, porém, esta produção independente de baixo orçamento (US$ 5 milhões) e pequeno lançamento (apenas 8 salas nos EUA) não recebeu do público a devida atenção, e não chegou sequer a casa do um milhão de dólares de bilheteria nos EUA.
Agora, na esteira de O Pianista, talvez o filme consiga uma visibilidade maior por aqui.
02 de abril de 2003
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Celso Sabadin é jornalista e crítico de cinema da Rádio CBN. Às sextas-feiras, é colunista do Cineclick. celsosabadin@cineclick.com.br