CONTRACORRENTE
Uma improvável, porém feliz, associação de produtores cinematográficos do Peru, Colômbia, França e da Alemanha deu origem ao competente Contracorrente, drama romântico premiado nos festivais de Miami, Sundance (ambos nos EUA) e San Sebastian (Espanha). Vale dizer: em todos os três eventos, os prêmios foram concedidos pelo público.
A informação já sinaliza que Contracorrente é um filme que consegue, sim, o tão esperado diálogo com a plateia. Mais que isso: com qualidade.
Toda a história se passa numa pequena e conservadora vila de pescadores, no Peru. É ali que Miguel (Cristian Mercado) vive uma vida dupla: ao mesmo tempo em que mantém um casamento estável com a esposa Mariela (Tatian Astengo), encontra-se às escondidas com o pintor e fotógrafo Santiago (Manolo Cardona). Egoísta, Miguel procura se manter na cômoda posição de desfrutar do melhor que ambos os relacionamentos possam oferecer. Mas Santiago está disposto a romper com este comodismo do amante. Entre trágicos e místicos, os acontecimentos que se seguem vão obrigar Miguel a enfrentar não somente o preconceito e a intolerância de seus vizinhos de vilarejo, como - principalmente – os seus próprios.
De narrativa direta e simples, mas muito eficiente, Contracorrente aborda os dilemas amorosos e sexuais do protagonista de forma humana e afetiva, sem julgamentos. Constrói bem seus personagens dando-lhes força real e profunda dimensão humana, sem cair na tentação fácil de eleger heróis ou bandidos. Por isso mesmo, cria empatia e confere ao filme muita dignidade e realismo, em deixar a poesia de lado.
Com espaço até para uma divertida menção às novelas brasileiras e a presença do “gato” (palavra do filme) Lauro Corona.
Uma história de amor em meio a rígidas tradições. Um pescador de uma pequena cidade peruana tenta conciliar uma nova paixão com o casamento, sem poder levantar maiores suspeitas.