Um Lugar Silencioso - Parte II é dominado por terror e opressão
Embora nunca recrie a atmosfera opressora do primeiro, Um Lugar Silencioso 2 consegue ser um ótimo filme de terror e ainda garantir muitas emoções, entre elas o medo. A obra mantém o espectador ligado na história do começo ao fim, graças ao seu foco em personagens bem construídos e atuações inspiradas do elenco, que entre as novidades têm a presença de Cillian Murphy.
O diretor John Krasinski amplia este mundo devastado enquanto ainda mantém as fórmulas estabelecidas no primeiro filme e também por tantas outras produções pós-apocalípticas. Ao expandir esse universo, retrata cenários perigosos bem comuns à temática, mas o cineasta navega bem pela trama e evita clichês sempre que possível
A trama é simples: Na luta pela sobrevivência da família Abbot, eles cruzam com outro sobrevivente, Emmett (Murphy), fonte de grande parte do suspense do filme. Murphy usa todo seu charme e capacidade de atuação para nos convencer no papel de homem bondoso, mas completamente quebrado pelo apocalipse. Com isso, suas cenas se tornam as mais intrigantes e interessantes da trama. Faltou um pouco de aprofundamento, verdade, mas o ator é capaz de trazer a mais ao personagem e o interpreta com muita intensidade e mistério.
Millicent Simmonds, a Regan mais uma vez entrega um desempenho cativante, enquanto a personagem luta para preencher o vazio deixado pela morte de seu pai. Ela é a protagonista, e não Evelyn de Emily Blunt, que tem apenas duas cenas marcantes - uma com Murphy e outra com Marcus de Noah Jupe, ambas mostram como ela é uma atriz incrível, mas que poderia ter sido melhor aproveitada na história.
No geral, a fórmula do primeiro é bem reproduzida aqui, com os personagens focados em correr, se esconder e ficarem quietos, mesmo assim o longa traz uma abordagem com diversos pontos de vista que funciona bem em algumas histórias e nem tanto em outras. As jornadas de Regan e Marcus são as melhores, mas o final em si ainda não permite a catarse que muitos esperavam. Até parece que haverá um terceiro filme, o que faria sentido em termos comerciais de Hollywood, embora seja desnecessário para a história.
A sequência também encanta ao revelar o mundo antes das criaturas invasoras destruírem a maior parte da humanidade. Flashbacks trazem alguns dos melhores momentos de ação e efeitos visuais do filme. Krasinski é bastante habilidoso na criação desses cenários de suspense e terror, mas é sua compreensão dos personagens que torna o filme original e realista. Sim, todos os personagens parecem reais, mesmo quando o perigo que enfrentam é de outro mundo.
Na parte técnica, o filme é extremamente bem feito e o destaque é todo do design de som, assim como no filme original. O uso estratégico de ruído e do silêncio garantem momentos de tensão simplesmente de tirar o fôlego.
O filme sabe que sua maior arma é a tensão e atmosfera de terror absoluto, então a narrativa faz isso muito bem com algumas armas bem calculadas, como o som, o desespero dos personagens e situações de morte certa. Embora esse filme tenha mais ação, ainda é claustrofóbico e angustiante, mas é fato que essa sequência não é tão assustadora quanto o longa original, embora seja igualmente divertida.
Um Lugar Silencioso 2 não supera o filme original e às vezes se perde na narrativa com arcos distintos, mas ainda é uma sequência ótima e digna. O diretor John Krasinski amplia com facilidade o mundo e, felizmente, nunca perde de vista as questões emocionais tão importantes entre os personagens, que, no fim do dia, é o grande trunfo dessa produção.
E assistir esse filme no cinema é uma experiência ainda melhor, digo isso por experiência própria, já que o primeiro filme assisti no avião e depois em casa, enquanto o segundo vi numa tela. A experiência no cinema garantiu uma sensação de terror e opressão inigualável, então vale muito o ingresso.