DIÁRIO DE UMA PAIXÃO
Sim, ainda se fazem filmes como antigamente. Rasgadamente românticos e assumidamente feitos para chorar, como este belo e sensível Diário de uma Paixão. Dirigido "à moda antiga" (leia-se sobriamente) por Nick Cassavetes (filho do falecido John e de Gena Rowlands), Diário de uma Paixão já abre seus primeiros momentos de maneira bucólica e romântica: aves sobrevoando, em câmera lenta, um belo lago e refletindo suas imagens na janela de um magnífico casarão. Do lado de dentro, uma senhora observa a tudo, calada. Por do sol. Cores quentes em profusão. Música lenta. Um "cartão postal", como diriam os antigos.
Aos poucos a história se desenrola. O casarão na verdade é um asilo de idosos onde o simpático Sr. Calhoun (James Garner) se propõe a contar belas histórias à Allie (Gena Rowlands), uma interna que sofre de doença degenerativa e tem sérios problemas de memória. A trama que, entusiasmadamente, Calhoun conta a Allie fala de um belo romance acontecido nos românticos (novamente o adjetivo é inevitável) anos 40.
Não será necessário muito esforço para que o espectador logo perceba o "segredinho" da história. O que não tem a menor importância. A beleza do filme não está em "adivinhar" ou não o que vai acontecer, mas sim em saborear lentamente toda a profunda carga emotiva que o roteiro desenvolve a partir do livro de Nicholas Sparks, o mesmo autor que escreveu o livro que inspirou o filme Uma Carta de Amor, com Kevin Costner.
Coerentemente, trilha sonora (recheada de sucessos das antigas big bands), fotografia e reconstituição de época conspiram para a criação de um clima de sonhos, de filme antigo (no bom sentido), de poesia e - de novo - romantismo.
O resultado: pilhas de lenços de papel tentando enxugar lágrimas em profusão. Entre no clima e lave a alma!