DIÁRIO PERDIDO
Interessante o esforço de Diário Perdido em fazer um breve histórico das lutas das mulheres por liberdade a partir de um retrato íntimo e feminino de três gerações: Louise (Marie-Josée Croze), a mulher que não ousou ser subjugada pelo marido; sua filha Martine (Catherine Deneuve), que cresceu em outra situação social; e a neta Audrey (Marina Hands), cheia de dilemas da mulher moderna.
Como o contexto macro é contado por meio de histórias das personagens, Diário Perdido tem uma aura minimamente envolvente. O aspecto mais criativo do filme é a escolha da diretora Julie Lopes-Curval e da roteirista Sophie Hiet em buscar inspirações no surrealismo para criar uma relação entre a mulher independente (Audrey) e sua avó radical (Louise), fundindo presente e passado.
Bem, essa é, de fato, a única pulsão realmente criativa do filme francês, porque, de resto, não passa de uma história contada de maneira decente. Atuações corretas, roteiro coerente e fotografia simples. Tudo muito fiel (infelizmente) ao padrão “cinema francês de qualidade”: silêncios, interpretações contidas das atrizes, praticamente nenhuma música e questionamento dos valores contemporâneos.
Não só a feitura, mas o tema (drama familiar) se repete. Porém, Diário Perdido é muito inferior a filmes como Horas de Verão, que também coloca a família como epicentro.
O que vale mesmo é ver Catherine Deneuve e seu prazer por mães problemáticas dominar as atenções em Diário Proibido. De resto, nada além de um filme decente sobre família.