GAMER
Dentro daquele famoso pensamento “nada se perde, nada se cria, tudo se refilma”, chega às telas a aventura futurista Gamer, subproduto direto de filmes como O Sobrevivente, Rollerball (as duas versões, de 1975 e 2002), Corrida da Morte (também as duas versões) ou mesmo do francês O Preço do Perigo, de 1983, provavelmente o vovô deste tipo de filme.
A ideia é sempre a mesma: unir extrema violência ao estilo reality show e ambientar tudo num suposto futuro próximo. Agora, a pouco original trama fala de um super videogame on-line no qual os internautas podem controlar as mentes de um grupo de criminosos trancafiados no corredor da morte. Através de um tipo de implante cerebral, o prisioneiro real, de carne e osso, é manipulado por um jogador. O objetivo do jogo é fazer com que este prisioneiro mate o maior número possível de pessoas, dentro da penitenciária, para que, depois de determinadas rodadas, ele ganhe a sua liberdade. Evidentemente, a multidão ignorante sedenta de sangue acompanha tudo pela televisão, elegendo ídolos, dando audiência e enriquecendo o inventor da ideia. Igualzinho ao Big Brother. Neste cenário de horror que pouco tem de verdadeiramente futurista (não vemos isso sempre na TV?), destaca-se a figura de Kable (Gerard Butler), o criminoso que se tornou a grande estrela popular do jogo.
Criminosos tornando-se ídolos, sede de violência pela televisão, massificação total do entretenimento visando à alienação, gênios da informática enriquecendo graças à ignorância do consumidor, o mundo virtual invadindo o mundo real: tudo isso poderia render ótimas discussões dentro do filme. Mas não rende. Gamer preocupa-se apenas com o entretenimento rasteiro, com a bilheteria fácil e com a ação violenta, avalizando exatamente tudo o que - em teoria - supõe criticar em seu roteiro.
Incoerência e perda de tempo totais.