GREGÓRIO DE MATTOS
Depois do controvertido Amélia (um filme do tipo "ame ou odeie"), a cineasta Ana Carolina partiu para um projeto mais ambicioso: contar, cinematograficamente, a vida do poeta baiano do século 17 Gregório de Mattos. O filme leva o nome do poeta e estréia neste final de semana nos cinemas brasileiros, em circuito bastante restrito.
Não é uma experiência fácil. Não é um documentário, tampouco uma reconstituição convencional da vida do artista. O roteiro pende mais para uma intervenção artística, uma mistura barroca que bebe na antiga fonte do Cinema Novo. Tem sabor passadista, discursivo. A escolha do poeta baiano Waly Salomão - nem sempre uma figura agradável - para o papel-título passa longe da linguagem cinematográfica e se inspira muito mais num teatro excessivamente falado. O espectador mais desavisado vai custar a crer que Gregório de Mattos, o filme, foi produzido no século 21.
A curiosidade fica por conta da participação da apresentadora Marília Gabriela no elenco. Muito pouco para um projeto tão ambicioso.
15 de agosto de 2002
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Celso Sabadin é jornalista e crítico de cinema da Rádio CBN. Às sextas-feiras, é colunista do Cineclick. celsosabadin@cineclick.com.br