HANAMI - CEREJEIRAS EM FLOR
Dor, cumplicidade, perda, recuperação do tempo e dos sonhos perdidos. Vivendo no interior da Alemanha, o casal Trudi e Rudi não faz rima apenas com seus nomes. Após décadas de casamento, Trudi fica sabendo que seu marido Rudi tem pouco tempo de vida. Calada e solitariamente, represando suas lágrimas com a prática de quem sempre represou suas vontades, ela decide não contar nada para ninguém. E se inicia na dura empreitada de fazer o marido - um homem de hábitos irritantemente rígidos - aproveitar as alegrias que ainda porventura possam lhe restar.
Hanami - Cerejeiras em Flor é uma bela discussão sobre a finitude da vida e das várias armadilhas que criamos para nós mesmos para que não a aproveitemos em toda a sua plenitude. É um filme divido em dois: na primeira parte, na Alemanha, prevalece o choque da dor, a descoberta, a tristeza e o abismo que - naturalmente ou não - acaba se abrindo entre o mundo dos pais e o mundo dos filhos. Os tempos modernos extirpam as relações humanas. As duas gerações se tornam aparentemente inalcançáveis.
Após uma boa virada de roteiro, o personagem troca a Alemanha pelo Japão, em busca de sua redenção no outro lado do mundo. E, neste instante, a trama começa a se perder confundindo-se num excesso de simbolismos orientais, da mesma forma que o protagonista ocidental se confunde numa Tóquio caótica. Fica a impressão que a diretora e roteirista Doris Dörrie se apaixonou tanto pelo seu filme que se recusa a terminá-lo. A irregularidade da segunda parte quase compromete a primeira. Quase. Permanecem as lembranças de um bom desenvolvimento de personagens e de uma importante reflexão sobre nossa própria fragilidade.