HISTÓRIAS DO OLHAR
Millor Fernandes dizia (brincando, é claro) que a coisa que um crítico de cinema mais detesta é ver um filme que gosta. Fina ironia. Para mim, porém, é sempre com muita tristeza que eu vejo um filme brasileiro que eu não gosto. Mais do que um crítico, sou um "torcedor" do nosso cinema. E ver filme nacional ruim é como ver a derrota do próprio time. Foi justamente com este sentimento que vi Histórias do Olhar. Trata-se de um grande equívoco. A diretora estreante Isa Albuquerque quis contar quatro histórias entrelaçadas, todas elas retratando temas relacionados à beleza estética e aos sentimentos imperfeitos que ela ocasiona, Mas não foi feliz. Faltou conteúdo, argumento. Acima de tudo, faltou um bom roteiro, ponto de partida fundamental para todo e qualquer filme. As histórias -todas as quatro - são soltas demais, pouco amarradas, não apaixonam o suficiente para prender a atenção do público, e tudo se dilui ainda mais numa má direção de atores.
Na primeira, uma mulher de meia idade destila violentamente o seu rancor sobre uma jovem bonita. Na segunda - supostamente cômica, mas que não funciona - uma psicóloga feia e recalcada quer se vingar dos homens considerados bonitos. Na terceira, uma adolescente se vê obrigada a aprender, na marra, como lidar com o assédio sexual. E a última narra a paixão de um aprendiz de escultor pelo corpo da mulher cobiçada.
Um grande desperdício de tempo e dinheiro. Uma pena para o nosso cinema.