LENDA URBANA 2
O filme se chama Lenda Urbana 2, mas não haveria nenhuma diferença se seu título fosse Pânico 4, Premonição 2 ou Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado 3. Está cada vez mais difícil diferenciar um filme de terror adolescente do outro.
Lenda Urbana 2 parece um clone malfeito de seus "antecessores". Ele também é ambientado numa escola, também está cheio de moças e garotões sarados que vão sendo brutalmente assassinados durante a trama, também usa e abusa do sangue e da violência, também, também, também. Porém, com uma diferença: ele consegue ser ainda pior que os outros. Basta dizer que toda a história se desenvolve durante a produção de um filme de terror, onde realidade e ficção serão misturadas. Ou seja, exatamente igual ao que vimos em Pânico 3. O vilão até se veste com roupas longas e negras, iguais à série Pânico. Só muda a máscara.
Tampouco se justifica o filme ser atrelado ao primeiro Lenda Urbana. Quase toda a amarração que existia no episódio anterior, quanto aos chamados mitos produzidos pelo inconsciente coletivo das populações urbanas, foi abandonada nesta continuação.
Além disso, o roteiro ainda se enche de pretensão ao tentar homenagear a obra de Alfred Hitchcock. Há uma cena chave numa torre de sinos (como em Um Corpo que Cai), um grito abafando o momento do crime (como em O Homem Que Sabia Demais) e a música que acompanha os créditos finais foi retirada de um antigo seriado de TV apresentado pelo Mestre do Suspense. Mas, Lenda Urbana 2 como um todo é tão fraco que todas estas referências acabam deturpando o próprio sentido da palavra "homenagem". Hitchcock teria se ofendido.
Piorando ainda mais a situação, falta humor, ingrediente essencial neste tipo de produção. Risível, em Lenda Urbana 2, só seu roteiro, que tem a coragem de puxar da manga a velha carta do "você não sabia que ele tinha um irmão gêmeo?", que nem as novelas venezuelanas estão usando mais. Literalmente, um filme de terror.
23 de janeiro de 2001
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Celso Sabadin é jornalista especializado em cinema desde 1980. Atualmente é crítico de cinema da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão e do Canal 21. Às sextas-feiras é colunista do Cineclick. celsosabadin@cineclick.com.br