MOTHER - A BUSCA PELA VERDADE
Nos últimos anos, o cinema sul-coreano tem trazido belas alternativas cinematográficas aos olhos dos cinéfilos, cansados das mesmices. Belas e intensas, de direção inventiva e histórias nada leves, como é o caso de Mother, exibido na mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes e dirigido por Bong Joon-Ho, cineasta que passou pelos cinemas brasileiros recentemente com dos curtas-metragens de Tokyo!.
Como o título evidencia, a história gira em torno de uma mãe (Kim Hye-ja) que tem uma relação permeada pela dedicação, quase uma idolatria, ao filho (Won Bin), deficiente mental. Por conta disso, o jovem dificilmente escapa de ser vítima de pessoas que se aproveitam de sua inocência infantil. Por isso, tamanha proteção e ligação entre mãe e filho. Mas, quando uma moça local é assassinada e o rapaz é acusado pelo crime, a mãe sai numa jornada em busca dos verdadeiros culpados.
Mother é um filme denso. Esteticamente, não é tão desafiador quanto OldBoy, que tornou-se referência em se tratando do cinema sul-coreano, mas tem seus rompantes de criatividade por conta das bem cuidadas imagens. Destaca-se, no entanto, a atuação de Kim Hye-ja, que é capaz de transmitir ao espectador não somente essa devoção ao filho e o desespero de vê-lo em perigo, mas também seu próprio desequilíbrio, descortinado na medida em que a trama avança.
A ideia de Mother não é cativar o espectador com a jornada de uma mãe em sofrimento – caminho fácil e óbvio quando a trama envolve esse tipo de amor -, mas sim explorar a loucura da mente humana na observação dos dois protagonistas do longa. Não é um filme fácil e, se pretende causar alguma reação ou sentimento no espectador, é pelo incômodo, especialmente pela primorosa atuação de Kim.