NÃO É MAIS UM BESTEIROL AMERICANO
Estreando no cinema depois de dirigir uma série de especiais para TV, Joel Gallen perdeu a grande oportunidade de fazer um filme divertido. A idéia era ótima: satirizar, mais ou menos no estilo de Apertem os Cintos o Piloto Sumiu, a enxurrada de péssimos filmes adolescentes americanos que tem invadido o mercado internacional. Porém, o time de roteiristas (são cinco os que assinam o filme) não conseguiu criar boas piadas, mesmo tendo um farto material à disposição para “pesquisa”. Afinal, qualquer piadista mediano conseguiria extrair ótimas gags de pérolas do tipo American Pie, Ela é Demais, Cara Cadê Meu Carro?, Diga Que Não é de Verdade e outros do gênero. Mike Bender, Adam Jay Epstein, Andrew Jacobson, Phil Beauman e Buddy Johnson não conseguiram. E pior: caíram nas mesmas armadilhas desgastadas dos filmes que pretendiam satirizar, principalmente a da escatologia gratuita e grosseira. Muito grosseira.
A trama é aquela de sempre. O bonitão da turma aposta com o colega mau-caráter que consegue transformar a garota mais feia da escola na Rainha do Baile. Até aí, tudo bem. Deste tipo de sátira não se exige mesmo uma história mais elaborada. Porém, o humor não acontece, não decola. Há, sim, boas caracterizações: o estreante Chris Evans é um competente imitador de Freddie Prinze Jr. e Lacey Chabert (a Penny de Perdidos no Espaço) está ótima fazendo as mesmas caras e bocas de Jennifer Love Hewitt. Mas o filme morre na intenção.
Nas cenas finais, uma participação especial de Molly Ringwald - a rainha das comédias adolescentes dos anos 80 – serve para nos lembrar como eram realmente divertidos aqueles “velhos” filmes em que a piada principal não era um vaso sanitário estourando na cara dos outros.
Não é Mais um Besteirol Americano é, sim, mas um besteirol americano.
15 de maio de 2002
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Celso Sabadin é jornalista e crítico de cinema da Rádio CBN. Às sextas-feiras, é colunista do Cineclick. celsosabadin@cineclick.com.br