Novo 'Caça-Fantasmas' emociona e diverte com homenagem ao clássico dos anos 80
Existe um termo em inglês no estudo de cinema chamado “eulogy”, cuja tradução foi adaptada para “homenagem” ou “elogio” – mas essa é uma daquelas palavras que não tiveram uma definição que faça jus ao seu significado.
Dentro do mundo da arte, uma obra “eulogy” é algo que não só preste respeito a outra obra que veio antes, mas que incorporasse tudo que fez esse trabalho ser tão renomado dentro da sua própria história.
Faz sentido? Consegue compreender a dificuldade?
É uma linha tênue e complexa de se escrever, pois o roteirista pode facilmente cair para o lado da “cópia” e “zero originalidade” ou pode acabar criando e mudando coisas demais que tornem a experiência “desrespeitosa” ao material original.
Mas já é com muita alegria que eu os afirmo que Ghostbusters: Mais Além acertou em cheio. Esse projeto é, sem dúvida alguma, o melhor trabalho “eulogy” que assisti recentemente.
Para falar de Ghostbusters: Mais Além, primeiramente precisamos endereçar a triste notícia de que Harold Ramis (ator que viveu um dos caça-fantasmas no clássico de 1984) faleceu em 2014 – e se esse filme não é uma das formas mais lindas de se homenagear um ator, eu não sei o que seria.
A trama nos apresenta à filha e aos netos de Dr. Egon Spengler (Harold Ramis), que estão passando por problemas financeiros e ao saber do falecimento do avô e de uma possível herança, decidem ir à uma pequena cidade de Oklahoma para confiscar os bens.
O avô nunca foi próximo da família e o filme rapidamente estabelece um conflito entre a mãe e o avô – deixando claro que Egon esteve ausente por todos esses anos.
Porém assim que chegam ao local, a família começa a se deparar com histórias da vizinhança a respeito da rotina de Egon e os dois netos começam a descobrir pouco a pouco os arquivos dos Caça-Fantasmas originais, além do possível nascimento de uma nova ameaça.
E é com base nessa decisão narrativa de permitir que os netos vasculhem por meio do passado do falecido avô que temos o grande triunfo de Ghostbusters: Mais Além – que consegue nos entregar uma nova história pautada em eventos do passado, mas com identidade suficiente pra ser um projeto original.
O elenco é extremamente funcional para o que a trama pede, mas acredito que o destaque deva ser feito para a jovem atriz Mckenna Grace (Annabelle 3: De Volta Para Casa) que consegue entregar uma personagem caricata quando é necessário, complexa quando lhe é pedido e o mais importante: cheia de camadas a todo instante.
Outra presença que não posso deixar de mencionar é Paul Rudd (Homem-Formiga), que pra mim é um tesouro da atuação mundial. Sempre me fascina o carisma do ator em seus papéis e a maneira como ele se encaixa como uma luva em um filme com essa temática cômica e “aventuresca”.
Mas tudo isso que falamos seria o suficiente para classificar o projeto como uma nota 6 ou 7, não é? Então por qual motivo estamos aplicando 8 de 10?
O que tornou esse filme memorável? O terceiro ato, sem dúvida alguma.
Propositalmente eu vou deixar esse trecho da crítica bem vago para que você não comece a teorizar a respeito e tenha uma das melhores sequências da década de ficção científica arruinada.
Então tudo que eu posso dizer é que eu não me lembro da última vez que assisti a uma homenagem tão profunda e tão linda sendo reproduzida nas telonas. Simples assim.
Se você não é o maior fã do Caça-Fantasmas de 1984, como é o meu caso – que adoro o filme e reconheço a beleza do que foi feito para o cinema, eu sem dúvida alguma recomendo que você assista o novo longa, pois além de termos uma aventura extremamente divertida, é impossível não se maravilhar com o final.
Por outro lado, se você é fã do clássico, Ghostbusters: Mais Além se torna automaticamente uma obra essencial, que você não pode (mesmo) perder.