O AMOR EM FUGA
Com O Amor em Fuga, François Truffaut dá adeus a um de seus personagens mais marcantes – Antoine Doinel –, espécie de alter ego do diretor, que o acompanhou em Os Incompreendidos (1959), Antoine e Colette (1962), Beijos Proibidos (1968) e Domicílio Conjugal (1970).
Neste seu último filme, Doiniel tem 35 anos, mas parece que continua o mesmo menino mimado e egoísta dos episódios anteriores. Ao assinar o divórcio de sua mulher, Antoine (Jeean-Pierre Léaud) passa a rever diversos personagens que marcaram sua vida amorosa, a partir de Colette (Marie-France Pisier), sua primeira paixão. Entre todas as mulheres amadas, Antoine vai demonstrando que, na realidade, ele ama a si próprio mais do que tudo.
Não espere do filme as crises existenciais e os longos diálogos psicológicos típicos dos roteiros franceses. O Amor em Fuga traz o sempre fluído e agradável ritmo que Truffaut consegue imprimir nas suas narrativas, alterna momentos introspectivos com cenas de comicidade e ainda consegue ser crítico e sarcástico em relação à própria maneira de ser mal humorada da maioria dos franceses.
Trata-se de um bem-vindo relançamento (o filme é de 1978) que chega aos cinemas em cópias novas.
6 de junho de 2001
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Celso Sabadin é jornalista e crítico de cinema da Rede Bandeirantes de Televisão, Canal 21, Band News e Rádio CBN. Às sextas-feiras, é colunista do Cineclick. celsosabadin@cineclick.com.br