O ARTICULADOR
Diretor do independente Nu em Nova York e de alguns episódios da série de TV Sex and the City, o cineasta Daniel Algrant conseguiu um trunfo poderoso para o seu segundo longa-metragem de cinema: Al Pacino no papel principal. Um nome que levanta qualquer filme. Pacino é a principal atração de O Articulador, um drama de baixo orçamento (para os padrões americanos, é claro), levemente baseado numa história real.
O astro de Perfume de Mulher interpreta Eli Wuman, misto de assessor de imprensa e relações-públicas que durante toda a vida levou muito a sério a sua profissão: puxar o saco de gente famosa para conseguir clientes e benefícios da mídia. Agora, envelhecido, Eli está em crise existencial, porque percebeu que toda a sua carreira, em última análise, teve a profundidade de uma coleção de Revista Caras. Triste fim. No fundo do poço, o álcool e as drogas são inevitáveis. Porém, quando tudo parece que já chegou ao limite, a vida de Eli se afunda ainda mais: um de seus últimos clientes, Cary (Ryan O´Neal, lembra, de Love Story?), pede para que ele pague uma fiança e tire da cadeia uma jovem atriz. O que parecia ser simples dá errado e o abatido relações-públicas acaba se metendo numa rede de intrigas e mentiras que vai parar no submundo da cidade de Nova York (cenário ideal para o tema).
O roteiro de John Robin Baitz - um estreante no cinema - pode não ser maravilhoso, mas tem os elementos essenciais para um bom entretenimento: um pouco de ação, um toque de mistério e, principalmente, um envolvente drama existencial protagonizado por um grande ator. O Articulador talvez passasse despercebido entre as estréias desta semana não fosse pela presença de Pacino. Ele vale o ingresso.
26 de setembro de 2002
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Celso Sabadin é jornalista e crítico de cinema da Rádio CBN. Às sextas-feiras, é colunista do Cineclick. celsosabadin@cineclick.com.br