O BEIJO DO DRAGÃO
Jackie Chan já conseguiu. Jet Li ainda não. Cruzar a fronteira chinesa e fazer carreira no cinema internacional não é tarefa fácil. Mesmo tendo atuado em Máquina Mortífera 4 e Romeu Tem Que Morrer, Li permanece sendo uma espécie de coadjuvante de luxo no cinema ocidental. E a julgar pelo seu novo filme, Beijo do Dragão, continuará sendo.
A história não poderia ser mais comum. Li vive Liu Jiuan, um agente especial do governo chinês que viaja de Xangai a Paris para uma missão secreta: ajudar o policial francês Richard (Tchéky Karyo, de O Patriota, mais careteiro do que nunca) num caso de drogas e contrabando. Porém, Richard trai seu colega chinês, que logo se vê acusado de um assassinato que não cometeu e encurralado numa cidade que não conhece. Como clichê pouco é bobagem, Liu faz amizade com Jessica (Bridget Fonda, de Mulher Solteira Procura), garota que Richard forçou a se tornar prostituta.
A fraca linha de roteiro nada mais é que um mero pretexto para que Jet Li demonstre suas habilidades em artes marciais. Beijo do Dragão é apenas um alinhavo de cenas de lutas, a maioria delas totalmente inverossímil e, pior, sem o bom humor dos filmes de seu compatriota Jackie Chan.
Esperava-se muito mais de um filme que tem entre seus roteiristas e produtores nomes como Luc Besson (escritor e diretor de O Profissional e O Quinto Elemento) e Robert Kamen (roteirista de Máquina Mortífera 3 e também de O Quinto Elemento).
O diretor estreante Chris Nahon fez o que pôde para tentar temperar um roteiro tão fraco, mas os produtores norte-americanos e franceses que investiram US$ 25 milhões em Beijo do Dragão, na intenção de catapultar Jet Li no mercado ocidental, terão de esperar por uma próxima oportunidade. O filme teve resultados apenas modestos no mercado americano e não merecia mais que isso.
26 de novembro de 2001
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Celso Sabadin é jornalista e crítico de cinema da Rádio CBN. Às sextas-feiras, é colunista do Cineclick. celsosabadin@cineclick.com.br