O EVANGELHO DAS MARAVILHAS
O Evangelho das Maravilhas
Muita coisa pode ser dita a respeito do filme O Evangelho das Maravilhas. Surreal, barroco, cínico, destruidor das tradições religiosas, claustrofóbico. De uma maneira ou de outra, tudo isso é verdade. Mas há um ponto que o espectador também precisa saber: o filme é duro de engolir. Todo fotografado em tons escuros, em ritmo teatral e linguagem cifrada, O Evangelho das Maravilhas é o verdadeiro anti-cinema comercial. E nem poderia ser diferente, já que seu diretor, o mexicano Arturo Ripstein, foi discípulo do hermético Louis Buñuel, co-criador do movimento surrealista, ao lado de Salvador Dali.
Toda a ação (ou a falta dela) se desenvolve dentro de uma comunidade de fanáticos religiosos que estão em busca da perfeição santificada, enquanto esperam o fim do milênio.
Tudo sob o comando dos líderes espirituais Mamá Dorita (Katy Jurado) e Papá Basílio (Francisco Rabal). Porém, Mamá Dorita fica gravemente doente, e designa como sua sucessora a jovem Tomasa (Edwarda Gurrola), uma menina de rua que dá novos rumos e novas regras à comunidade. Entre elas, o sexo: antes proibido, agora ele é praticamente obrigatório. Desde que seja anal, pois assim a virgindade do hímen é preservada. Ou seja, uma típica parábola da falsidade das religiões.
Como quebra-cabeças, O Evangelho das Maravilhas até funciona. Já como espetáculo cinematográfico e entretenimento...