O HOMEM SEM PASSADO
Um homem é violentamente assaltado e espancado ao sair de um trem. Não há testemunhas. Ele acorda num hospital, chega a ser dado como morto, mas consegue se recuperar e fugir. Porém, não consegue se lembrar de nada de seu passado, sequer o próprio nome. Auxiliado por um casal sem teto que mora num contêiner, o homem misterioso vai tentar retomar os caminhos de sua vida.
Chega a ser impressionante a quantidade de prêmios importantes conquistados por este filme: Grande Prêmio do Júri em Cannes, Melhor Atriz (Kati Outinen) no mesmo festival, prêmio da crítica em San Sebastián, sete indicações ao European Film Award, e uma surpreendente indicação ao Oscar de filme estrangeiro (representando a Finlândia), além de várias outras premiações em diversos festivais pelo mundo. É quase injustificável tamanho destaque. Não que O Homem Sem Passado seja um filme ruim, mas seguramente ele passaria despercebido em qualquer sala menor de algum Espaço Unibanco não fossem estas importantes premiações.
O filme está longe de empolgar, de entusiasmar e de permanecer vivo em nossos corações e mentes durante muito tempo. Sem dúvida sua narrativa é estranha aos padrões convencionais, com uma frieza ímpar e um tipo de humor bastante peculiar, talvez melhor compreendido pelos finlandeses. Há momentos onde nasce a dúvida se o diretor está sendo sarcástico, ao fazer seus atores se movimentar quase como robôs, ou se estamos realmente diante de uma falha de direção. De qualquer forma, seja qual for a leitura, a impressão final é que estamos apenas diante de um trabalho frágil, hipervalorizado pela comunidade cinematográfica mundial.
12 de março de 2003.
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Celso Sabadin é jornalista e crítico de cinema da Rádio CBN. Às sextas-feiras, é colunista do Cineclick. celsosabadin@cineclick.com.br