O PORNÓGRAFO
Sem entusiasmos! Nem tudo no moderno cinema francês é O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, conforme a mídia martelou nas últimas semanas. Dentro do mais tradicional estilo da terra de Danton (leia-se lento, reflexivo, falado, existencial, melancólico, neurótico e triste) estréia neste final de semana o drama O Pornógrafo, estrelado por Pierre Léaud. Pierre foi um dos atores preferidos de Truffaut, que o descobriu nos anos 50 para viver o personagem Antoine Doniel numa série de filmes.
Aqui, ele vive o papel de Jacques, cineasta que fez muito sucesso com filmes pornográficos durante os anos 70, mas que agora amarga dificuldades financeiras. Para dar a volta por cima, ele decide retomar sua atividade de “pornógrafo”, mas os tempos são outros e sua jornada não será nada fácil. Principalmente porque sua mente continua presa à lembrança de seu filho, Joseph (Jérémie Rénier), que três anos antes se revoltou ao descobrir a profissão do pai.
O Pornógrafo é o segundo longa de Berthand Bonelo. Seu primeiro trabalho, Quelque Chose d´Organique, permanece inédito no circuito comercial brasileiro.
Apesar do título, O Pornógrafo não é um filme sobre sexo (embora traga uma cena mais forte sobre o tema), mas sim sobre crises existenciais e reflexões psicológicas. Tipicamente francês, diga-se de passagem.
21 de março de 2002
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Celso Sabadin é jornalista e crítico de cinema da Rádio CBN. Às sextas-feiras, é colunista do Cineclick. celsosabadin@cineclick.com.br