OS ATORES
Os americanos, que adoram pesquisar tudo, já chegaram há muito tempo à conclusão de que o público vai ao cinema, acima de tudo, para ver seus astros favoritos. Poucas pessoas pagam um ingresso de cinema para ver seu diretor preferido, mas muita gente pega filas e filas para ver seu ator do coração na tela grande. Assim, não é à toa que os maiores cachês do cinema são pagos aos atores, e não aos diretores, muito menos aos roteiristas que quebram a cabeça desenvolvendo a história.
Mas, afinal, como é composto este complexo universo dos astros do cinema? O que pensam estes atores, quais são suas angústias, seus desejos? Foi pensando nisso que o roteirista e diretor parisiense Bertrand Blier escreveu e dirigiu o filme Os Atores, que estréia neste fim de semana em São Paulo. É o próprio Blier quem pergunta: "Os atores param de atuar quando a câmera pára de rodar?” E ele mesmo responde: “Acho que não."
O filme começa com três atores franceses, fazendo seus próprios papéis, conversando num restaurante. De repente, Jean-Pierre Marielle chama a atenção de seus amigos Jacques Villeret e André Dussollier para o fato do garçom não ter trazido a jarra de água que pediu. O fato seria corriqueiro e passaria despercebido por qualquer um... menos para um ator, que tem a necessidade vital de ser visto e ouvido em qualquer situação.
A partir daí, o filme cria um painel verdadeiro e divertido sobre as inseguranças, as peculiaridades e as neuroses desta profissão tão glamourizada e ao mesmo tempo tão suscetível. "Basicamente eu só queria me divertir com esses atores. Espero apenas que o público divirta-se tanto quanto foi divertido fazer o filme", afirma Blier, totalmente descompromissado.
Só para registro: Bertrand Blier é filho de Bernard Blier. Não por acaso, um ator...
19 de setembro de 2002
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Celso Sabadin é jornalista e crítico de cinema da Rádio CBN. Às sextas-feiras, é colunista do Cineclick. celsosabadin@cineclick.com.br