OTÁVIO E AS LETRAS
O cineasta Marcelo Masagão, famoso pelo curta-metragem Nós Que Aqui Estamos por Vós Esperamos (1998) e por ter criado o Festival do Minuto, apresenta seu segundo longa-metragem de ficção, Otávio e as Letras. Este longa faz com que seu trabalho se aproxime muito mais da videoarte - moderna forma de expressão artística que utiliza técnicas em vídeo em peças de artes plásticas - do que do cinema em seu molde tradicionalmente concebido.
Ao acompanhar a história de dois personagens solitários que transitam pelas ruas de São Paulo, Masagão é capaz de desenvolver belos planos, aproveitando muito bem toda a geografia urbana e particular da cidade de São Paulo. O diálogo que o filme trava com a trilha sonora de Wim Mertens - parceiro musical antigo do diretor - é interessante e é capaz de hipnotizar o espectador que consegue embarcar nessa "viagem".
Otávio e as Letras é um filme denso e difícil demais para o grande público. O cinema de Masagão não tem uma narrativa muito bem definida, suas intenções são misteriosas à maioria do público e a economia de palavras no roteiro faz com que o filme seja dificilmente digerido.