PARATODOS
Em ano de Olimpíada no Brasil, Paratodos, documentário dirigido por Marcelo Mesquita (A Viagem De Yoani), fala sobre os obstáculos que os atletas paraolímpicos brasileiros enfrentam para atingir o alto nível, manter-se lá e conquistar medalhas. Entretanto, engana-se quem pensa que as dificuldades se restringem às limitações físicas desses esportistas. Problemas como a falta de incentivo financeiro e regras mal formuladas das competições são expostos no filme.
O longa mostra o cotidiano de treinamento de alguns dos principais nomes do atletismo paraolímpico nacional e faz boa discussão sobre a inclusão de pessoas deficientes na sociedade. Cenas das competições são mescladas com bastidores e depoimentos, divididos por modalidade e representados sempre por um atleta específico, dentre eles Fernando Fernandes (Canoagem), Alan Fonteles (Atletismo), Terezinha Guilhermina (velocista) e Daniel Dias (Natação).
A principal polêmica acontece durante uma das provas de canoagem. Atletas do mundo todo, dentre eles Fernando, denunciam irregularidades nas classificações, já que alguns dos competidores teriam o movimento parcial das pernas, garantindo vantagens sobre os demais.
O documentário busca fugir da idealização do esporte paraolímpico ao explorar questões como essas e ao mostrar os sacrifícios dos atletas para manterem-se no físico ideal. Mesmo sem esse tom romantizado, o espectador não deixa de ver os esportistas como os verdadeiros guerreiros que são.
Os bastidores da seleção de futebol de 5, composta por deficientes visuais, durante o mundial no Japão, é um dos pontos altos de Paratodos. O bom humor dos jogadores e a eletrizante final contra a seleção Argentina faz com que nós vibremos como se o jogo fosse ao vivo.
Com um retrato sincero e realista, Paratodos foge do tradicional discurso de superação e mostra que o esporte paraolímpico é coisa séria e não deve em nada para a modalidade convencional de esportes.