POSTMAN BLUES
O jovem Sawaki (Shinichi Tsutsumi) é um pacato, solitário e estressado carteiro. Certo dia, por coincidência, ele entrega uma correspondência na casa de Noguchi (Keisuke Horibe), um velho colega de escola, sem saber que está sendo seguido pela polícia. Motivo: Noguchi está envolvido com a Yakuza e os policiais passam a acreditar que o simples carteiro tem conexões com o crime organizado. Uma série de mal-entendidos vai transformar definitivamente a vida tranqüila de Sawaki num jogo de gato e rato.
O diretor Hiroyuki Tanaka - que costuma assinar simplesmente Sabu - monta aqui um painel tragicômico e urbano sobre os caminhos do acaso. O filme transita livremente entre o dramático-existencial e o cômico escrachado (resvalando até no sentimentalóide), recusando rótulos e traçando seu próprio caminho sinuoso. Como o próprio carteiro e sua bicicleta errante. Postman Blues não mergulha no reflexivo lento tipicamente oriental, da mesma maneira que foge das fórmulas prontas da produção ocidental. Por isso mesmo é um filme, no mínimo, intrigante. Não é nenhuma obra-prima, mas merece ser conferido pela sua coragem de rasgar algumas convenções pré-estabelecidas. Mesmo chegando ao nosso circuito com seis anos de atraso.
04 de junho de 2003
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Celso Sabadin é jornalista e crítico de cinema da Rádio CBN. celsosabadin@cineclick.com.br