Programa Casé apresenta um ótimo personagem, Adhemar Casé, empresário radialista, criador do Programa Casé, o pai da publicidade no rádio, do contrato de exclusividade com artistas (entre eles Noel Rosa e Silvio Caldas)... enfim, pioneiro em uma série de coisas e personagem fundamental para quem quer entender a trajetória do rádio, que define o surgimento da indústria do disco no Brasil, a formatação da MPB e está nas bases da linguagem da TV.

Tudo isso, por sinal, é bem lembrado por Programa Casé. A função de apresentar o personagem, contar sua história, colocá-lo ao lado dos acontecimentos históricos e ressaltar sua importância o diretor Estevão Ciavatta (do ótimo curta-metragem Nelson Sargento) cumpriu.

Há de se reconhecer também a dificuldade intrínseca no tratamento do tema. Como falar de um personagem que se estabeleceu no rádio (ou seja, sem imagem) e só tem um registro visual e um registro de áudio (depoimento ao MIS)? Sim, Ciavatta tinha algo complicado ali.

Mas, como diz meu amigo Celso Sabadin quando alguém coloca senões para amenizar uma questão, “problema dele”. Falta em Programa Casé a visão mais distante da família, para além dos filhos e da neta, Regina Casé. À exceção da conversa com a família Caymmi e da entrevista com o compositor Braguinha, o filme é preso demais à visão da família.

Não faria mal ao documentário tentar voos mais arriscados, usando o farto material de arquivo para buscar também outras pessoas que ajudassem a ampliar a nossa visão sobre quem foi Adhemar Casé.

Mesmo assim, Programa Casé está aí para falar um pouquinho sobre a Era do Rádio, um dos momentos mais fascinantes da história do Brasil e fundamental para entendermos um pouquinho da nossa cultura.

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