SUPERSTAR, DESPENCA UMA ESTRELA
É incrível a capacidade do cinema americano de fazer várias vezes o mesmo filme. Exemplo? Lá vai: garota feia e discriminada por todos os colegas de escola consegue dar a volta por cima (no baile de formatura, é claro), demonstrando que o talento e os bons princípios se sobrepõem à beleza exterior. Legal, né? Esta mesma história, filmada, refilmada e trefilmada tantas vezes, ganha mais uma versão que estréia agora em nossos cinemas: Superstar – Despenca uma Estrela.
O que Superstar tem de diferente dos demais filmes no mesmo padrão? Digamos assim... absolutamente nada!
Mary (Molly Shanon, meio velhinha para o papel, aos 33 anos) é a feiosa em questão. Ela sonha ser uma grande estrela de cinema e, assim, ser beijada pelos galãs mais famosos. Mas por enquanto ela se contentaria apenas em beijar Sky, o bonitão da turma (Will Ferrell, o Mustafá da segunda parte de Austin Powers). Para isso ela vai ter de enfrentar Evian (Elaine Hendrix) a patricinha de plantão, que tem nome de água mineral.
Tudo bem que os atores principais fizeram parte do famoso programa de TV Saturday Night Live, e que por isso mesmo o roteiro traz um escracho aqui e outro ali. Tudo bem que em algumas cenas o estreante diretor Bruce McCulloch tente parodiar alguns filmes do gênero, como o clássico Carrie, a Estranha. Mas nada capaz de livrar Superstar do fracasso total. Sem graça e sem criatividade, o filme é pura perda de tempo.
Curiosidade final: não é à toa que a canção Out Here on My Own (uma das mais famosas do filme Fama) é a escolhida para encerrar o filme. O responsável tanto pela trilha sonora de Superstar como pela de Fama é o mesmo Michael Gore, que estava há seis anos sem compor uma trilha de cinema sequer.
09 de agosto de 2000
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Celso Sabadin é jornalista especializado em cinema desde 1980. Atualmente é crítico da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, e do Canal 21.