TRILOGIA II: A POEIRA DO TEMPO
Theo Angelopoulos dá sequência, com Trilogia II: A Poeira do Tempo, à série iniciada com Trilogia I: O Vale dos Lamentos. Desta vez, fazendo um réquiem para a Europa do século XX.
A pergunta é: o diretor de Paisagem na Neblina perdeu a mão ou é seu tipo de cinema que já não empolga como até os anos 1990?
A resposta me parece fácil. É fato que seu cinema saiu de moda. A simples revisão, hoje, de um filme como Um Olhar a Cada Dia, me fez questionar uma série de procedimentos que Angelopoulos adota desde seu terceiro longa, o incrível A Viagem dos Comediantes.
Os planos lentos, com a câmera se movimentando bem devagar, reordenando o espaço com um rigor absurdo, são características que podem aprisionar o espectador pela beleza das imagens, mas pode, também, aprisionar o diretor nesse esquema rígido.
Um dos maiores problemas desta segunda parte da trilogia é que se o diretor pretendia realizar um réquiem para a Europa, como mencionei no primeiro parágrafo, a lingua inglesa é uma barreira, porque pode representar tudo, menos a Europa, ainda mais aquela que herda da Grécia sua civilização.
A desculpa de usar um personagem americano, filho de gregos, cola apenas parcialmente. No fundo, Angelopoulos sabe que seu cinema saiu de moda. E se isso é um dado simpático a favor de seu novo filme, implica em concessões estapafúrdias como essa da língua, visando maior possibilidade de exploração comercial.
Resumo da ópera: não importa a resposta para a questão do início do texto. O que importa é que poucos, hoje em dia, filmam como Angelopoulos, e isso ainda salva o seu cinema da aposentadoria.
Trilogia II: A Poeira do Tempo (I Skoni Tou Hronou), de Theo Angelopoulos
- Dia 28/10 (quarta-feira), FAAP, 19h (Sessão 612)