TUDO QUE EU AMO
Polônia, 1981. Um país no auge da crise política e econômica. A pressão aumenta cada vez mais e as revoltas adolescentes tornam-se arriscadas. É dentro deste recorte histórico, de tumultos e greves constantes contra o governo comunista, que Tudo que eu Amo começa.
Na história, quatro jovens de uma banda de punk rock expressam seus sentimentos através da música. E, a partir deste fio condutor, tudo acontece: a descoberta de um grande amor, grandes sonhos, perdas, decepções e mais todas as coisas que poderiam atormentar nossas cabeças quando estamos nessa fase da vida. Ainda mais num país sob tensão contínua.
Como podemos nos engajar e ao mesmo tempo nos divertir? Como podemos amar com pontos de vista tão diferentes? Como podemos caminhar? Será que a música pode realmente ajudar?
O tempo todo, o filme transita por essa espécie de “dicotomia moral”, ou seja, pela apresentação de situações contrárias. Uma das cenas que marcam bem essa estrutura é quando os quatro jovens cruzam com alguns soldados. Eles vêm de lados opostos. De um deles, vemos instrumentos, música, leveza. Do outro, notamos a rigidez armada e o silêncio resignado.
Exibido na 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e indicado ao grande prêmio do Júri no Festival de Veneza de 2010, Tudo que eu Amo é dirigido pelo cineasta polonês Jacek Brocuch, que antes esteve à frente dos longas Cauliflower e Tulips.
As atuações são boas, especialmente a do líder do grupo Janek (Mateusz Kosciukiewicz).
É interessante como conseguimos entender e conhecer de perto uma cultura tão diferente da nossa através dos personagens e situações propostas.
A fotografia passeia por tons lavados, frios, ajudando a contextualizar o filme neste cenário polonês. Mas não se engane. O filme não é militante. Nem documental. Ele simplesmente usa uma época histórica como pano de fundo da trama. No fim, Tudo que eu Amo gira em torno das relações e do amor.
E não importam as diferenças físicas, morais, culturais, geográficas, políticas... uma hora ele vai doer em você.