UM CASAMENTO À INDIANA
É inacreditável como um filme tão simplório e banal como Um Casamento à Indiana possa ter sido indicado ao Bafta e ao Globo de Ouro de melhor produção estrangeira. E o mais impressionante: ganhou também o prestigiado Leão de Ouro no Festival de Veneza. Até agora não consegui entender o porquê.
Em ritmo de telenovela açucarada, a trama mostra a família Verna - típica representante da classe média alta da Índia -, realizando os últimos preparativos para o casamento de sua filha única, Aditi. Durante os quatro dias de festas que precedem o casório, os familiares cantam, contam histórias, bebem e se reencontram na casa dos pais da noiva. Como a união é arranjada, o noivo, Hemant, mal conhece Aditi, que preferia estar se casando com o amante. Pequenos dramas familiares pipocam aleatoriamente aqui e ali. E nada mais.
A diretora Mira Nair já havia realizado trabalhos bem mais interessantes, como Kama Sutra, por exemplo, que passou despercebido pelo circuito brasileiro, há cinco anos. Em Um Casamento à Indiana, os conflitos são mornos, a narrativa é frágil, a fotografia beira o amadorismo e tudo é muito superficial e desinteressante. O filme provavelmente também passaria despercebido por aqui, não fosse a badalação internacional. O mesmo tema já foi abordado em produções muito mais interessantes como Cerimônia de Casamento (de Robert Altman) e O Pai da Noiva (seja na versão antiga com Spencer Tracy ou na moderna com Steve Martin, você decide).
Descartável.
22 de maio de 2002
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Celso Sabadin é jornalista e crítico de cinema da Rádio CBN. Às sextas-feiras, é colunista do Cineclick. celsosabadin@cineclick.com.br