UM DUENDE EM NOVA YORK
Todo ano o cinema traz aquele "filme bonitinho de Natal para ser visto por toda a família". E 2003 não seria diferente: Um Duende em Nova York chega para ser o "filme bonitinho" deste final de ano. Bonitinho e muito lucrativo: os US$ 31 milhões investidos na produção já foram multiplicados por três, em menos de um mês de exibição nos EUA. Nada mau para um roteirista estreante (David Berenbaum) e um diretor (Jon Favreau) que nunca alcançou a fama como ator e que só havia dirigido um único longa para cinema (Made, inédito no Brasil), além de um punhado de telefilmes.
A história segue o padrão tradicional das comédias familiares natalinas. Buddy (Will Ferrell, humorista revelado no programa de TV Saturday Night Live) é um dos fabricantes de brinquedos da oficina do Papai Noel, no Pólo Norte. Ele pensa ser um duende, sem saber que na verdade é um humano adotado. Logo a realidade vem à tona e Buddy viaja até Nova York - a pé - para encontrar seu verdadeiro pai (James Caan). A partir daí, o roteiro explora o conhecido filão do "peixe fora d`água", do choque cultural. A fórmula é sempre a mesma: fazer com que o "diferente" seja a princípio rejeitado pela sociedade dos "iguais", que até o final da trama vai perceber que sempre temos muito que aprender com aquelas pessoas que a princípio nos parecem estranhas. Você já viu esse filme muitas, muitas vezes. A produção mistura Big - Quero Ser Grande com Crocodilo Dundee, pitadas de Meu Papai é Noel, um cheirinho de A Felicidade Não se Compra, um pouquinho de Dickens, e voilá! Acaba agradando. Parece um sorvete de chocolate: todo mundo já sabe que gosto vai ter, e todo mundo gosta.
Provavelmente o ponto mais fraco do filme é o seu ator principal. Ferrell parece interpretar eternamente o mesmo papel e não tem carisma suficiente para ser protagonista. Felizmente o filme deu certo mesmo assim, ajudado por um ótimo time de coadjuvantes.