UMA DOCE MENTIRA
Numa pequena cidade do litoral francês, Émilie (Audrey Tatou, a eterna Amélie Poulain) administra seu salão de beleza, sua mãe deprimida (Nathalie Baye, ótima) e sua solidão. Jean (Sami Bouajila, de London River e Nova York Sitiada), um “faz-tudo” no salão, nutre uma paixão platônica por Émilie, para quem escreve secretamente belas e anônimas cartas de amor.
Certo dia, Émilie tem o que acredita ser uma ótima idéia: enviar para sua mãe uma cópia de uma das cartas de amor que ela própria havia recebido. A intenção era melhorar a auto-estima da mãe, mas os resultados são desastrosos. A “doce mentira” do título dá inicio a uma série de confusões e mal entendidos.
Porém, por mais charmosa que seja a cidade onde tudo acontece, por mais simpáticos e bem intencionados que possam parecer os personagens, e por mais que o diretor tunisiano Pierre Salvadori se esforce para deixar tudo da forma mais palatável possível, Uma Doce Mentira tem sérios problemas de roteiro. O filme não decola como comédia, tampouco encanta como romance. Gira em falso sobre a mesma e interminável piada e traz momentos que comprometem – e muito – sua verossimilhança.
Por exemplo, quem em sã consciência se preocuparia em entregar uma carta pessoalmente só porque o envelope estava sem selo? Detalhe? Pode ser, mas é (ou deveria ser) um dos pontos-chaves de um roteiro que vai se revelando repleto de rombos quanto mais a trama avança. O que acaba causando um crescente desinteresse no espectador.
Mas, para não dizer que eu não falei de flores, a cena onde quase toda a verdade é revelada, explorando silhuetas projetadas numa cortina que acaba funcionando como um simbolismo de uma tela de cinema,é plasticamente muito bela. Mas insuficiente para fazer de Uma Doce Mentira um filme recomendável.