UMA VIDA EM SETE DIAS
Por mais que os efeitos especiais e as estripulias visuais de Hollywood insistam em contaminar a indústria do cinema, não há como negar que um bom filme depende, antes de mais nada, de uma boa história. E foi justamente isso que faltou à comédia romântica Uma Vida em Sete Dias, um claro desperdício de dinheiro e talento escrito por John Scott Shepherd, cujo primeiro texto a ganhar as telas foi o insosso Super Pai, com Tim Allen. Mesmo a partir de um argumento bem fraquinho, a Regency Enteprises (a mesma de Demolidor) e a Davis Entertainment (de Dr. Doolitle) apostaram num bom diretor (Stephen Herek, de Mr. Holland - Adorável Professor) e numa ótima dupla central de atores (Angelina Jolie e Tony Shalhoub). Não funcionou: não há como esconder que o grande problema do filme é que não existe uma boa história a ser contada.
O talento de Angelina Jolie, mais do que comprovado em Garota Interrompida, é desperdiçado no papel de Lanie, uma repórter de televisão de muita ambição e poucas idéias. Certo dia, durante uma matéria corriqueira, ela entrevista Jack (Tony Shalhoub, o ótimo Monk do seriado de TV), um sujeito meio pirado que se diz capaz de prever o futuro. E prevê: Lanie irá morrer em apenas uma semana. A repórter acredita na previsão, o que fará de sua vida (ou do que resta dela) um verdadeiro inferno. Sem querer estragar o final do filme, a resolução do roteiro chega a ser infantil, a trama é rasa como piscina de criança, o desenrolar da história não consegue captar a emoção da platéia, e o desfecho é previsível - por mais que Jolie e Shalhoub se esforcem.
Um filme que passa despercebido em qualquer sessão da tarde da televisão.
19 de março de 2003.
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Celso Sabadin é jornalista e crítico de cinema da Rádio CBN. Às sextas-feiras, é colunista do Cineclick. celsosabadin@cineclick.com.br