YVES SAINT-LAURENT
De passagem pelo Brasil para divulgar seu filme no Festival Varilux de Cinema Francês, que ocorreu entre 9 e 16 de abril, o diretor Jalil Lespert se disse "apaixonado por histórias de pessoas que constroem uma carreira de sucesso a partir do zero" (leia entrevista). Por isso decidiu levar a história do gênio da moda Yves Saint-Laurent às telas.
O designer da alta costura tornou-se mundialmente famoso aos 21 anos quando sucedeu seu empregador, Christian Dior, após sua morte. Ele tem sua vida retratada por Lespert tendo sua história de amor com o empresário Pierre Bergé como fio condutor da trama. O longa abarca o período que vai de 1956 até 1976, concentrando-se na chamada idade de ouro de sua produção e também de sua relação com Bergé.
Yves Saint-Laurent tem fotografia e direção de arte muito bem trabalhadas, remetendo o público à época retratada e a todo o glamour que permeava o universo da alta costura daqueles tempos. Mas peca ao tratar a vida do estilista de forma superficial e óbvia. Sua ascensão, declínio e o drama que viveu devido aos excessos e envolvimento com drogas são abordados de forma previsível e pouco aprofundada.
A força do filme está no ator Pierre Ninney, que incorpora o jeito de falar e expressões corporais do estilista de maneira impressionante. Mas todos seus esforços não são capazes de fazer brotar sentimento real dentro da trama. Falta emoção e sobra música alta pontuando momentos-chave, uma tentativa de arrancar a solidariedade do espectador a fórceps.
A produção também falha ao não conseguir expor claramente porque os produtos da marca YSL foram tão bem-sucedidos. Sim, o estilista revolucionou a moda na época, mas o longa não consegue explicar como. O que vemos são cenas de desfiles bem-sucedidos seguidos de aplausos e elogios.
Já quando se concentra no homem Yves Saint-Laurent não há espaço para a sugestão, para o silêncio ou qualquer subtexto. Seu comportamento, frustrações, medos e perfeccionismo são simplesmente expostos e nunca subtendidos.