Filmes que jogaram o final dos livros pela janela
Há uma eterna discussão que geralmente começa com "o livro é melhor que o filme". Seja em uma roda de amigos ou em uma conversa mais formal, muitos fãs de literatura e cinema levam o assunto para debate.
E apesar de algumas adaptações cinematográficas se manterem fiéis às páginas dos romances que as inspiram, outras nem sempre seguem à risca a história dos livros e mudam um pouco (ou muito) o rumo da história.
Longas adaptados de livros como Laranja Mecânica, Jurassic Park: Parque dos Dinossauros e Clube da Luta criaram finais alternativos para as tramas deixando de lado o desfecho idealizado pelos autores, o que não os agradaram tanto assim.
AVISO: As informações abaixo contém spoilers, ok? Cuidado!
Confira
Forrest Gump
Forrest Gump - O Contador de Histórias se tornou um dos maiores sucessos dos anos 90 conquistando seis Oscars, incluindo o de Melhor Filme e Melhor Ator para Tom Hanks. Baseado no romance de Winston Groom, o longa trouxe algumas mudanças significativas em seu final, contrariando aquele idealizado pelo escritor americano, o que o fez odiar a produção cinematográfica.
O romance publicado em 1986 acompanha Forrest contando todas as histórias de sua vida. Porém, o personagem não é ingênuo como no filme e tem momentos regados de sexo e drogas nas páginas. Ele também abre um negócio em homenagem a seu falecido amigo Bubba, mas acaba frustrado com as complicações da vida e abandona tudo. No final do livro, Forrest decide então ir morar nas ruas, sem qualquer contato com Jenny ou o filho.
No filme de 1994, o final não teve nada de sombrio. Na trama, ele também conta suas histórias, incluindo a Guerra do Vietnã e o encontro com John Lennon, mas é um Forrest mais dedicado e infantilizado do que no romance. O final do longa retrata ele como um pai solteiro dedicando-se à criação do filho após a morte de sua amada Jenny.
Laranja Mecânica
Laranja Mecânica, o clássico do cinema dirigido por Stanley Kubrick em 1971, conquistou uma legião de fãs e tornou-se uma das grandes referências cinematográficas com personagens e até mesmo figurinos marcantes. Baseado no romance homônimo de Anthony Burgess publicado em 1962, o filme trouxe o ator Malcolm McDowell vivendo o jovem delinquente Alex DeLarge.
No livro, Alex é um adolescente psicótico enviado à prisão por todos os crimes e caos cometidos por ele e sua gangue. Ele é submetido à terapia de aversão e sai de lá disposto a se tornar um homem respeitado, cumprindo todas as regras e deixando para trás todo o comportamento deplorável que o fez ser preso. O final do livro não leva Alex ao arrependimento ou revolta, mas mostra que ele realmente está "curado" pela terapia.
No longa de Kubrick, o roteiro foi baseado na versão americana no romance e acabou omitindo algumas informações do final. Alex também é levado à terapia de aversão, mas o filme dá a entender que ele não está totalmente curado, já que mantém o mesmo comportamento estranho de antes. O autor chegou a criticar o longa apontando que esse desfecho glorificava as ações abomináveis do personagem.
Clube da Luta
Estrelado por Brad Pitt e Edward Norton, Clube da Luta explodiu muitas cabeças no final dos anos 90 trazendo uma história repleta de simbolismos e detalhes, além de um plot twist daqueles no final! Comandado por David Fincher, o roteiro foi baseado no romance homônimo de Chuck Palahniuk, mas levou à trama algumas mudanças em seu desfecho.
No livro publicado em 1996, o narrador descobre que Tyler, seu alter ego, planeja uma explosão para acabar com tudo. Ao tentar impedir, ele se vê na mira da arma de Tyler, que acaba desaparecendo com a chegada de Marla. Depois que ele atira na própria cabeça, acorda em um hospital psiquiátrico e acredita estar morto, tendo chegado no céu. Porém, a equipe revela ao narrador que são membros do Projeto Mayhem, organização anticapitalista, e que eles aguardam o retorno de Tyler.
Já no filme de 1999, boa parte da trama permanece igual, mas o roteiro de Jim Uhls altera o desfecho da "separação" de Tyler e narrador. Quando ele descobre os planos de seu alter ego para explodir os edifícios que contêm registros de cartões de crédito, decide desarmar as bombas sozinhos. Porém, na mira de Tyler, o narrador percebe que pode eliminar essa personalidade dando um tiro em sua própria cabeça. Ele faz isso e pouco tempo depois acorda livre de Tyler, juntando-se à Marla para observar a explosão dos prédios ao redor.
Jurassic Park
O início de uma franquia de aventura virou um sucesso das telonas levando adultos e crianças a adentrarem o universo dos dinossauros. Lançado em 1993, Jurassic Park: Parque dos Dinossauros foi comandado por Steven Spielberg e baseado no romance de Michael Crichton. Com um elenco composto por Jeff Goldblum, Laura Dern e Sam Neill, o longa garantiu bilheterias milionárias ao longo dos anos com suas sequências.
No romance publicado em 1990, John Hammond, criador do parque, e Ian Malcolm, o talentoso e famoso matemático, não saem vivos da Ilha. Nas páginas finais do livro, a Força Aérea da Costa Rica resgata os sobreviventes e jogam um conjunto de líquidos inflamáveis no local. Pouco tempo depois, os cientistas descobrem que um grupo de animais está migrando para a Costa Rica, o que levanta a possibilidade de que alguns dos dinossauros possam ter escapado do Jurassic Park antes da destruição.
No filme de Spielberg, os cientistas Alan Grant (Sam Niell) e Ellie Staller (Laura Dern) são contratados para averiguar a segurança do Jurassic Park. Porém, próximo ao final do longa, eles são encurralados por Raptors, mas conseguem escapar quando um T-Rex surge. Eles deixam a Ilha a bordo de um helicóptero e tanto Hammold quanto Malcolm sobrevivem. Além disso, o longa não traz a ilha sendo destruída e nem indícios da fuga de animais para a Costa Rica.
A Pequena Sereia
A animação lançada pela Disney em 1989 trouxe não só música marcantes, como também personagens cativantes que invadiram as décadas seguintes conquistando crianças ao redor do mundo. Dirigido por Ron Clements e John Musker, A Pequena Sereia acompanha uma história recheada de magia e inocência, mas o romance que o inspirou é bem sombrio!
No livro de Hans Christian Andersen publicado em 1837, Ariel vê seu amado príncipe Eric se casar com outra mulher, sofre com dores agonizantes após sua transformação de sereia para humana e nunca mais tem sua voz de volta. No final do romance, ela morre e se torna um espírito vagante, que só poderá ir ao céu e se tornar uma alma imortal se contribuir com boas ações para a humanidade.
Já na fofa adaptação da Disney, o conto de fadas ganhou ares muito mais coloridos e felizes! Mesmo que decida se transformar em humana para ficar com Eric, Ariel retorna à figura de sereia e consegue se livrar da vilã Úrsula de uma vez por todas. O final feliz fica por conta da bênção do Rei Tritão, pai de Ariel, para o casamento da filha com o príncipe e finalmente ela se tornando humana para sempre.
Bonequinha de Luxo
Um dos representantes do cinema clássico dos anos 60 tornou-se não só referência cinematográfica como também o filme que marcou a carreira da atriz Audrey Hepburn. Dirigido por Blake Edwards, o romance acompanha a história de uma garota de programa que almeja a riqueza. O longa foi inspirado no livro homônimo de Truman Capote, que não curtiu muito a adaptação para os cinemas.
No livro, a divertida Holly Golightly perde seu inseparável gatinho de estimação e decide então deixar a cidade de Nova York e mudar-se para a Argentina. Mesmo que o romance não deixe claro se ela pretende ou não voltar à cidade algum dia, as páginas finais dão a entender que ela estava desanimada após a procura pela sua felicidade.
O filme de Edwards usou da liberdade criativa para dar não só um desfecho como também toques que mudaram a história. No livro, por exemplo, não há o romance de Holly com Paul Varjak, mas no filme o casal acaba junto e apaixonado depois que a mulher reluta por muito tempo contra essa paixão. Ela também consegue reencontrar seu amado gato de estimação e não abandona a cidade de Nova York.