<p>Selecionamos para voc&#xEA; algumas pessoas que foram vaiados em festivais</p>

Em 2003, Gramado já havia entrado no período em que deixou de figurar entre os festivais mais respeitados do Brasil, posição a qual parece voltar com a respeitada seleção em 2008. Porém, há seis anos, Noite de São João , de Sérgio Silva, inexplicavelmente, recebeu quatro prêmios. Não deu outra: vaias para o Kikito de Melhor Fotografia (Rodolfo Sanchez) e Melhor Ator (Marcelo Serrado).

No Brasil, um certo frisson envolve qualquer filme que seja dirigido por Philippe Garrel e protagonizado por seu filho Louis. Mas a França, país de origem do cineasta, já se mostrou reticente a suas obras. Em 2008, A Fronteira da Alvorada , sobre os devaneios de um fotógrafo, foi sonoramente vaiado em Cannes. Parte da plateia deixou a sala de exibição e outra parte ainda fez piadas. Reação parecida com a que teve o público do Festival do Rio ano passado com o mesmo filme. Na segunda sessão, um trio de jovens não parava de dar risada de momentos pretensamente profundo, achando todo aquele preto e branco do filme muito kitch .

Não é só a tradicional vaia a Caetano Veloso no Teatro Tuca, em São Paulo, no ano de 1968 com É Proibido Proibir ou o violão jogado por Sérgio Ricardo em 1967 que entraram para a história. Os festivais de cinema ao redor do mundo também protagonizaram momentos constrangedores. Nesta galeria de fotos, selecionamos alguns deles, com destaque para o Festival de Brasília, que vaiou os vencedores das últimas três edições. (Por Heitor Augusto ) Nem o simpático Gael García Bernal como protagonista salvou Mamooth de ser vaiado em Berlim neste ano de 2009. O primeiro longa falado em inglês do cineasta sueco Lukas Moodysson ( Bem-Vindos ) foi recebido de maneira gélida pela imprensa, com direito a vaias no final da sessão. E qual foi a reação do diretor? "Se alguns gostam de Mammoth e outros não, bem... eu faço filmes para expressar algo que está no meu coração, não para começar um debate", desdenhou.

Seria chover no molhado dizer que o pernambucano Cláudio Assis não tem travas na língua. Suas entrevistas sempre tem pérolas do tipo boca no trombone. Tirando os exageros, temos de ser jutos e dar créditos a ele por fazer críticas que outros não fazem. Mas, ao ponto: em 2006, ele apresentou Baixio das Bestas , longa com uma proposta política mais contundente que o anterior Amarelo Manga - cuja vitória em 2000 foi unânime. Quando o filme foi anunciado como vencedor, houve uma divisão: metade xingou fervorosamente, a outra aplaudiu freneticamente.

O ano era de 2003 e prometia uma festa de comemoração à 75ª edição da cerimônia do Oscar. A vitória do musical Chicago daria o tom de alegria, mas no meio do caminho tinha uma pedra chamada Michael Moore . Vencedor pelo documentário Tiros em Columbine , o cineasta fez um discurso enfático contra o belicismo norte-americano. Resultado: muitos rostos estupefatos e uma tentativa de vaia coletiva. Curiosamente, cinco anos depois, o vencedor entre os documentários seria Um Táxi Para a Escuridão , que critica justamente a atuação dos EUA no Iraque e no Afeganistão. "As coisas mudaram", ironizou Moore ano passado.

A competição de 2007 tinha o brasiliense José Eduardo Belmonte ( Meu Mundo em Perigo ), o espirituoso Carlão Reichenbach ( Falsa Loura , com Rosane Mulholland e Djin Sganzerla inspiradas) e os ousados Daniel Bandeira ( Amigos de Risco ), Paloma Rocha e Joel Pizzini ( Anabazys ). Mas a 40ª edição do Festival de Brasília resolveu mostrar que é o palco para Julio Bressane, que foi premiado pela quarta vez, com Cleópatra . O público, que já vaiara o filme na sessão de abertura, ficou estatelado, criticou a dupla Falabella-Alessandra Negrina e botou a boca no trombone. E Bressane fingindo como se nada fosse com ele. "Para se gostar de alguma coisa é preciso ter paciência", disse o diretor antes da primeira sessão. Será que faltou paciência?

Se você acha que o ar blasé dos franceses os impediria de soltar um sonoro "uhuuu", está enganado. Que o diga Ron Howard e seu O Código Da Vinci . Exibido na abertura do Festival de Cannes, o longa protagonizado por Tom Hanks e Audrey Tatou foi vaiado no final da projeção. A imprensa, principalmente a internacional, buzinou feio.

Em uma seleção cuja mostra competitiva foi dominada por documentários, FilmeFobia , do documentarista Kiko Goiffman saiu-se vencedora. Misturando ficção e documentário, expõe atores e não-atores a fobias das mais diversas. Em Brasília 2008, cujo festival é marcado pela discussão, o filme provocou um racha na exibição. Quando o longa foi anunciado como vencedor do Candango de Melhor Filme, sobraram vaias. E Kiko sorriu para elas.

Cerca de R$ 5,5 milhões foram utilizados na co-produção sino-nipo-brasileira Plastic City , dirigida pelo chinês Yu Lik-Wai (All Tomorrow's Parties) e rodada quase integralmente em São Paulo. A dupla de protagonistas é chinesa e no segundo plano há atores brasileiros como Milhem Cortaz (Nossa Vida Não Cabe num Opala) e Tainá Muller (Cão Sem Dono). Em 2008, no Festival de Veneza, o longa recebeu duas sonoras vaias em sessões para a imprensa. Como vai reagir o público brasileiro quando o filme estrear em maio?

André Sturm tem uma forte presença nos bastidores da produção nacional, seja na Secretaria de Estado de Cultura ou como exibidor e distribuidor (HSBC Belas Artes e Pandora Filmes). Como diretor, porém, recebeu reações não tão positivas. Com Bodas de Papel , em 2008, no Cine PE, em Recife, o público azucrinou a sessão do filme com risadas em momentos dramáticos. Em uma determinada cena tocada por Helena Ranaldi, um anônimo gritou "isso é novela!". A mesma frase também foi escrita em um pôster colocado na parede da lanchonete do festival. Porém, depois da sessão, aplausos. Curiosamente, Bodas de Papel recebeu prêmio de público. Porém, o cineasta não gostou muito da recepção e foi embora antes da cerimônia de premiação.

Cineclick

Gael foi vaiado em Berlim

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