Censura e crimes reais marcaram 'Laranja Mecânica', clássico que completa 50 anos
Laranja Mecânica, clássico de Stanley Kubrick, completa 50 anos de lançamento no Brasil nesta terça-feira (26).
Marcando a história do cinema mundial, o drama baseado no romance homônimo de Anthony Burgess, publicado em 1962, se tornou um dos dramas mais aclamados e até hoje é lembrado pelos fãs.
Com o ator Malcolm McDowell vivendo o jovem delinquente Alex DeLarge, Laranja Mecânica é ambientado na Inglaterra, quando as gangues passam a causar terror entre a população e Alex, líder de um desses grupos, acaba preso e submetido a um tratamento de reeducação.
Para celebrar esse "cinquentão", listamos seis curiosidades sobre a produção, incluindo a censura sofrida no Brasil e as ameaças de morte enfrentadas pelo diretor.
Confira:
Censurado
Considerado um dos maiores clássicos na carreira de Stanley Kubrick, o longa foi censurado no Brasil. Nos anos 70, época de seu lançamento, Laranja Mecânica foi considerado impróprio e chegou a ser vetado nos cinemas nacionais. Entretanto, sete anos depois ele foi liberado para para exibições mas, mesmo assim, as cenas de nudez foram cobertas por bolinhas pretas.
Improviso
A polêmica cena em que Alex (Malcolm McDowell) canta "Singing in the Rain" enquanto ataca o escritor e sua esposa não foi roteirizada. Kubrick passou quatro dias experimentando essa sequência, achando-a muito convencional para o filme. Então, ele se aproximou de McDowell e perguntou se ele poderia dançar enquanto gravava. Eles tentaram a cena novamente, desta vez com o ator dançando e cantando a única música que ele conseguia lembrar. O diretor se divertiu tanto que rapidamente comprou os direitos da música por US$ 10 mil dólares.
Uma amizade que durou pouco
McDowell e Kubrick construíram uma amizade profunda durante as filmagens. No entanto, o ator revelou que ficou bem magoado depois que o cineasta parecia desinteressado em continuar o vínculo com ele. Com o passar dos anos, McDowell permaneceu amigo da esposa de Kubrick, Christiane, e, ao visitá-la após a morte de Kubrick em 1999, chorou muito próximo ao seu túmulo.
Crimes na vida real
Stanley Kubrick decidiu retirar o filme do Reino Unido depois que dois crimes semelhantes aos do filme foram cometidos no país. O primeiro foi o estupro de uma menina holandesa em 1973 pelas mãos de homens cantando "Singin' in the Rain". Já no segundo, um menino de 16 anos espancou uma criança mais nova enquanto usava o uniforme da gangue de Alex - macacão branco, chapéu-coco preto e botas de combate.
Brincadeira que custou caro
Enquanto gravava a narração de seu personagem, McDowell precisava levantar para "esticar as pernas". Então, para satisfazer o ator e obter um trabalho melhor, Kubrick o chamava para jogar tênis de mesa. Embora tenham jogado muitas vezes, o cineasta nunca derrotou o ator que era bastante habilidoso no esporte. Entretanto, McDowell ficou irritado ao descobrir que seu salário havia sido reduzido pelas horas gastas jogando com Kubrick.
Ameaças de morte
Décadas após o lançamento do filme, Christiane, a viúva de Kubrick, revelou como ela e seu marido estavam frenéticos e aterrorizados durante o frenesi da controvérsia sobre o longa, principalmente no Reino Unido. "Tínhamos imprensa na frente de nossa casa, começamos a receber cartas horríveis e depois vieram as detalhadas ameaças de morte. A polícia disse: 'Acho melhor você sair do país'. Então ficamos realmente alarmados. Stanley ligou para a Warner Bros e implorou para que o filme fosse retirado do Reino Unido. Ele estava certo em fazer isso", contou.