Segredos que você não sabia sobre Pulp Fiction: Tempo de Violência
Pulp Fiction - Tempo De Violência, longa que completa 26 anos de lançamento no Brasil nesta quinta (18), é um dos filmes mais icônicos da história do cinema e também o grande responsável pela ascensão do cineasta Quentin Tarantino em Hollywood.
Estrelado por John Travolta, Samuel L. Jackson e Uma Thurman, o filme conquistou o coração do público e dos críticos em 1994 quando saiu vencedor do Palma de Ouro no Festival de Cannes naquele ano. Em 1995, levou sete indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Direção, saindo de lá com a estatueta de Melhor Roteiro Original para Tarantino e Roger Avary.
Trazendo três histórias intercaladas de forma não-linear, algo que viria a se tornar uma das grandes marcas na carreira do cineasta americano, além de muita violência gráfica e diversas referências que inspiraram outros longas do gênero, Pulp Fiction - Tempo De Violência consagrou-se como uma das mais icônicas produções da sétima arte entrando para a lista dos 100 melhores filmes de todos os tempos pelo American Film Institute.
Para comemorar o aniversário de lançamento do sucesso, reunimos easter eggs, segredos e curiosidades sobre Pulp Fiction - Tempo De Violência.
Vem com a gente:
Quem vai ficar com Jules?
O personagem Jules foi escrito especialmente para o ator Samuel L. Jackson, mas seu primeiro teste não agradou tanto assim. Quando ele soube que o papel poderia ir para o Paul Calderón, Jackson então pegou um vôo até Los Angeles para fazer o teste novamente e se saiu muito melhor. Calderón acabou conquistando um papel menor no filme interpretando o barman Paul.
No roteiro, Jules deveria ter um visual black power, mas um membro da equipe pediu que ele experimentasse uma peruca cacheada. Foi então que Tarantino disse ter gostado dessa versão do personagem e o novo visual acabou sendo mantido no longa.
A musa de Tarantino
A personagem mais marcante da filmografia de Tarantino, Mia Wallace era um papel muito desejado por grandes atrizes dos anos 1990. Entre os nomes que que fizeram o teste estavam Meg Ryan, Daryl Hannah, Joan Cusack e Isabella Rossellini. Porém, o cineasta queria muito que Uma Thurman aceitasse a personagem, mas ela recusou o papel logo de cara. Insistente, ele ligou diversas vezes para a atriz, leu todo o roteiro para ela e só desligou quando ela aceitou participar de seu longa.
Thurman se tornou uma musa para Tarantino e anos mais tarde estrelou os sucessos Kill Bill Vol. 1 e Kill Bill Vol. 2. No entanto, um acidente nos bastidores do segundo filme gerou uma briga entre eles e afastou a dupla. Desde então, ela afirmou que não voltaria a atuar nos filmes do diretor.
A escalação de John Travolta
Vincent Vega, o grande parceiro de Jules no longa, rendeu a John Travolta uma indicação ao Oscar de Melhor Ator em 1995 e revitalizou a carreira do astro em Hollywood, mas quase que ele fica de fora dessa! Na verdade, o personagem estava destinado a Michael Madsen, ator que viveu Vic Vega em Cães De Aluguel, primeiro sucesso de Tarantino. Como ele estava ocupado gravando o faroeste Wyatt Earp, Travolta foi chamado em cima da hora e aceitou o personagem por um salário de R$ 150 mil dólares.
Depois do sucesso do filme, ele contou em entrevistas que o grande desafio em aceitar o papel foi viver um ex-viciado em heroína. Como nunca usou a droga, o ator não sabia como trazer essência e profundidade ao personagem, mas contou com a ajuda de um amigo de Tarantino que era um viciado em recuperação.
"Bad Motherfucker"
A famosa carteira marrom com os dizeres "Bad Motherfucker" que é usada por Jules pertence a Tarantino. Ele emprestou para o filme, mas logo após as filmagens pegou de volta e a usa até hoje em dia! A frase é uma referência ao tema musical de Shaft, longa de 1971 estrelado por Richard Roundtree. Coincidentemente, Samuel L. Jackson assumiu o personagem-título nas versões de 2000 e 2019 do clássico.
O acessório se tornou uma das maiores referências do longa e até hoje réplicas são vendidas em lojas online. E vamos combinar que todo fã de Pulp Fiction já quis ter uma dessas, né?
Outra coisa que pertencia ao diretor era o Chevy vermelho que Vicent dirige para levar Mia ao restaurante. Mas, infelizmente, o carro foi roubado durante a produção do filme. Ele foi recuperado em 2013, quase 20 anos depois do lançamento.
E a melhor dança vai para...
Claro que você lembra da famosa dança entre os personagens de Uma Thurman e John Travolta, não é? Ela acontece quando a dupla vai jantar no Jack Rabbit Slim's, restaurante temático dos anos 1950 e é embalada por You Never Can Tell, canção de Chuck Berry. O interessante é que a mãe de Tarantino ouvia essa mesma música repetidamente quando estava grávida do filho, o que acabou fazendo o cineasta amar a música e usá-la na memorável cena.
Além disso, a dança é uma homenagem ao filme 8½, clássico de 1963 dirigido pelo italiano Frederico Fellini. No filme, a dupla Gloria Morin (Barbara Steele) e Mario Mezzabotta (Mario Pisu) faz os mesmos movimentos de dança no centro da pista.
Easter-egg culinário
A cena em que Jules dá uma mordida e delira com o hambúrguer do restaurante Big Kahuna mexe com o imaginário das pessoas, principalmente por toda a discussão que gira em torno do lanche entre ele e Vicent Vega em outra cena marcante. Existe uma teoria de que todos os filmes de Quentin Tarantino são interligados formando uma única história e o Big Kahuna é um desses elementos em comum.
- Em Cães de Aluguel, Mr. Blonde (Michael Madsen) também come um hambúrguer logo após o roubo dar errado.
- Seth Gecko (George Clooney) leva comida para ele e o irmão em Um Drink No Inferno e adivinha de onde? Big Kahuna!
- Em Grande Hotel, longa de 1995 em que Tarantino dirige um plano-sequência, Ted (Tim Roth) desce as escadas e é possível ver ao fundo uma sacola do famoso hambúrguer.
Esquadrão Assassino das Víboras Mortais
Outro fato que reforça a teoria de que os filmes de Tarantino são interligados é quando Mia Wallace começa a contar sobre o piloto que fez para uma série sobre mulheres que eram agentes secretas: uma loira (a líder), uma chinesa (mestre em kung-fu), uma negra (expert em demolições), uma francesa (expert em sexo) e ela própria, especialista em facas e totalmente letal. O mais interessante disso é que na cena ela descreve perfeitamente as cinco mulheres que formam o Esquadrão Assassino das Víboras Mortais, de Kill Bill: Vol. 1 .
Machucado, maleta e uma alma vendida
O temível Marsellus Wallace, personagem do ator Ving Rhames, usa um curativo na nuca durante algumas cenas do filme. Como tudo que Tarantino faz vira alvo de teorias conspiratórias, os fãs já imaginaram que isso poderia ter alguma coisa a ver com a clássica maleta que fica passeando pelo filme. Um dos motivos é que a senha para abrir o objeto era 666 e, supostamente, ali estaria guardada a alma de Marcellus que foi vendida para o diabo. Mas Tarantino já acabou com essa brincadeira afirmando que a maleta era só decoração e não continha nada demais!
Sobre o curativo, ele afirmou que Rhames se machucou durante a produção e fez um corte na região. Como o ator ficou com uma grande cicatriz no local, Tarantino achou que ela seria uma distração e decidiu cobriu com um band-aid!
Os milagres de uma pós-produção!
Outra cena memorável de Pulp Fiction é aquela em que Mia Wallace tem uma overdose de heroína e precisa ser reanimada com uma injeção de adrenalina injetada no peito. Então Vincent usa toda sua força para enfiar uma seringa e assim despertar a mulher. Porém, para evitar que Uma Thurman se machucasse durante as gravações, a cena foi filmada com John Travolta puxando a seringa do peito da atriz e não o contrário. Na pós-produção, a equipe inverteu as imagens dando a impressão de que empurra o objeto contra o tórax de Thurman.
Outro ponto interessante é que no filme a palavra "fuck" é usada cerca de 265 vezes, incluindo nesta cena onde ela pode ser ouvida 5 vezes em dois minutos!
Uma sábia escolha, eu diria!
Outro ator que quase não fez um grande papel no longa foi o amado Bruce Willis. Em Pulp Fiction ele interpreta o boxeador Butch Coolidge, mas o papel havia sido oferecido para o ator Matt Dillon, que pediu tempo para pensar sobre o assunto. Tarantino então acabou entrando em contato com Willis para lhe fazer a proposta. O ator estava em alta e o filme não tinha o grande orçamento que ele estava acostumado nas telonas. Depois de pensar, ele acabou entrando para o elenco e foi uma decisão bem assertiva já que o personagem de Willis se tornou um dos mais marcantes da trama.
Outra curiosidade sobre Butch é que a katana, uma espada japonesa usada por ele no filme, é a mesma que Tarantino levou posteriormente para a produção de Kill Bill: Vol. 1.