A Hora Mais Escura, filme sobre a caça a Bin Laden, está sendo boicotado no Paquistão
Parece que os paquistaneses não estão nada contentes com o retrato do país em A Hora Mais Escura, filme de Kathryn Bigelow que concorre aos Oscar de Melhor Filme e outras quatro estatuetas.
O longa ainda não foi lançado oficialmente no país. Portanto, ainda não há resposta oficial do governo paquistanês sobre a representação do país na tela, e ninguém, teoricamente, assistiu o filme por lá. Mas nós sabemos que não é bem assim que as coisas funcionam hoje em dia.
Na realidade, A Hora Mais Escura está sendo assistido, criticado e não oficialmente banido. O respeitado colunista Nadeem Farooq Paracha escreveu para o jornal inglês Dawn: "Embora seja afiado na produção e direção, e certeiro na representação dos fatos que levaram à morte de Osama Bin Laden, o filme foi "balisticamente" mal na representação da vida diária do Paquistão."
Paracha afirma também que, se o propósito não foi ridicularizar o país e seu povo, os produtores realizaram uma pesquisa preguiçosa sobre a cultura local.
As distribuidoras locais também estão rejeitando amplamente o filme. Mohsin Yaseen, diretor da Cinepax, a maior rede de cinemas do Paquistão, afirmou que não comprou o longa pois ele já está disponível em qualquer lugar em forma de DVD pirata. E acrescentou: "Se você vai dizer algo sobre uma região tão complicada do mundo, é melhor estar certo."
Em Islamabad, um atendente da Illusions, uma das maiores lojas de entretenimento da região, revelou que quatro homens visitaram o local e disseram, após duas semanas de venda do produto, que o filme estava proibido. "Eram quatro. Dois ficaram do lado de fora, como de guarda, e dois entraram. Eles foram muito educados. Disseram que eram de Aabpara (a vizinhança onde fica o quartel general da agência de inteligência paquistanesa). Pediram que nós mandássêmos os DVDs de volta, e pegaram alguns discos para eles."
Parece que, de um jeito ou de outro, quem quiser assistir A Hora Mais Escura no Paquistão vai ter que recorrer a meios ilegais.