Mostra: Happy End traz critica a burguesia francesa, mas repete fórmula batida
As tramas regadas de Niilismo e humor negro fizeram do diretor austríaco Michael Haneke um dos queridinhos do momento. Mas os trabalhos recentes do cineasta têm decepcionado pela falta de espontaneidade e apego à fórmulas batidas.
Happy End, seu mais novo filme, é um exemplo disso. Um dos destaques da 41ª Mostra de Cinema de São Paulo faz uma crítica bem-humorada a burguesia francesa, mas apesar do tema polêmico não empolga.
A sátira da vez é sobre uma rica família que se deteriora por dentro enquanto tenta manter as aparências com jantares caros e uma vida social de fachada. A trama é mostrada sob o ponto de vista da jovem Eve (Fantine Harduin), que passa a morar com o pai (Matthieu Kassovitz) e a madrasta na mansão de seu avô depois que a mãe acaba sendo hospitalizada por uma overdose de remédios.
Lá, ela um mundo de aparências e superficialidade: Ela descobre que seu pai mantém um caso sexual secreto com outra mulher. Vê sua tia (Isabelle Huppert) tentando lidar com o filho problemático e o seu avô, que não vê a hora de partir dessa para uma melhor.
O filme é uma mistura de diversos outros temas já abordados pelo diretor em filmes anteriores, como a criança com tendências psicopatas de O Vídeo De Benny e a eutanásia em Amor. Talvez, por isso, o filme Happy End soe tão repetitivo
Apesar das brilhantes atuações de Huppert - que esteve no elenco do elogiado Elle, exibido na mostra do ano passado - e do veterano Jean-Louis Trintignant, acaba enveredando por caminhos previsíveis e um tanto moralistas. A crítica ao uso indiscriminado da tecnologia, que seria o combustível perfeito para a natureza já egoísta e sádica do ser-humano (segundo a visão do próprio Haneke), acaba soando moralista e pouco consistente.