Adú, destaque do Oscar Espanhol, emociona na Netflix
Não é à toa que Adú está concorrendo em 14 categorias no prêmio Goya de 2021. O filme, além de muito bem produzido, traz um enredo profundo sobre a cultura africana.
Adú é estrelado por Luis Tosar (Enquanto Você Dorme) e consta com a descoberta mirim Moustapha Oumarou, como o protagonista da trama.
O longa conta com um enredo emocionante sobre imigrantes da África para a Europa, mas também aborda questões humanas extremamente sensíveis como a perda e o abandono familiar.
Enredo
O filme conta com três núcleos: o primeiro é do próprio jovem Adú, uma criança que mora em uma situação de pobreza em Camarões, país localizado na África Central.
O segundo núcleo foca em dois policiais espanhóis que cuidam da fronteira e são acusados de matarem um refugiado.
O terceiro mostra a situação de um pai, parte de uma ONG que cuida de elefantes, que precisa lidar com a sua filha drogada. Ela vai visitá-lo na África, mas a relação de ambos é péssima e a situação logo se torna um inferno.
Mais sobre o longa
Adú, a criança africana, é o centro da trama, até por seu arco ser o mais bem construído. O enredo tem momentos emocionantes do garoto ao lado da irmã, menina que o ajuda a lidar com as situações difíceis de sua vida.
O diretor, Salvador Calvo, consegue transmitir sutileza ao mostrar a irmã responsável por cuidar de Adú como se fosse seu filho, começando uma trajetória de sobrevivência em meio a pobreza e abandono familiar.
Os outros dois núcleos, por sua vez, não conseguem explorar de forma aprofundada os problemas pessoais dos personagens. É possível ter empatia em relação ao pai e a filha com problemas familiares, mas nada além disso. E a realidade dos policiais espanhóis é angustiante, mas parece desnecessária para a construção da obra.
A fotografia é bela e alterna bem entre planos médios, no intuito de apresentar emocionalmente os personagens, e panorâmicas, para dar um ar documental. Detalhes como esses fazem do longa de Calvo digno de sua posição de destaque no Goya deste ano.
Direção
O filme é dirigido por Salvador Calvo, mesmo diretor de Os Últimos das Filipinas, longa espanhol vencedor do Goya de melhor figurino em 2017.
O roteiro foi assinado por Alejandro Hernández, que fez seu sucesso com o The Alejandro Hernández Show, uma web série de comédia que satiriza a cultura venezuelana e hispânica.
Curiosidades
O diretor conheceu diversas histórias reais enquanto atuou como voluntário da Comissão Espanhola de Ajuda aos Refugiados, daí tirou a ideia do longa.
Adú é inspirado num garoto real de seis anos, que chegou num barco ao lado da mãe e de duas irmãs. Porém, foi descoberto que ele não era filho daquela mulher, mas sim foi levado para ser vítima de uma rede de tráfico de órgãos.